Escrito por Ceuci de Lima Xavier Nunes*


A meningite é uma doença que promove nas pessoas o medo e muitas vezes o preconceito.

O medo é justificado pela história da doença que na era pré-antibiótica era fatal na quase totalidade dos casos; pela gravidade de alguns casos da doença que ainda vemos em nossos dias e também pela característica, especialmente da meningite meningocócica, de ocorrer em surtos e epidemias.

O preconceito é decorrente da falta de informação dos leigos e também dos profissionais de saúde, inclusive dos médicos, sobre as formas de transmissão da doença.

Quando falamos de meningite, falamos de uma entidade nosológica que tem inúmeros agentes etiológicos, como vírus, bactérias, protozoários, fungos e até formas não infecciosas como as neoplásicas e químicas. A transmissão pessoa à pessoa pode ocorrer e é importante nas meningites bacterianas causadas pela Neisseria meningitidis e o Haemophilus influenzae, para as quais está indicada quimioprofilaxia para os contactantes (moradores do mesmo domicílio, crianças da mesma classe e profissionais de saúde que tiveram contato com fluidos corporais do paciente). Nestes casos a vigilância epidemiológica dos municípios se responsabiliza por fazer a distribuição da medicação adequada para quem realmente necessita. Nas demais meningites, incluindo as virais, o risco de transmissão pessoa a pessoa é desprezível, não sendo indicada nenhuma medida de prevenção e não há necessidade de isolamento do paciente.

As meningites bacterianas vêm apresentando mudança do seu perfil epidemiológico decorrente principalmente da introdução da vacina contra Haemophilus inflenzae no Programa Nacional de Imunização (PNI) a partir de 1999, o que fez com que este agente, então principal causador de meningites nas crianças com até cinco anos de idade, hoje seja raro.

Medidas de saúde pública como a relatada tem impacto importante, entretanto, atitudes individuais dos profissionais de saúde e especialmente dos médicos, agindo com rapidez e eficácia frente a suspeita diagnóstica de meningite também pode colaborar para salvar vidas.

Não é de hoje que a equipe do Hospital Couto Maia, referencia para doenças infecciosas no Estado da Bahia, recebe pacientes, principalmente do interior do estado, que diante da suspeita de meningite, são transportados em ambulâncias para que seja confirmado o diagnóstico (exame de líquor) e iniciada a terapêutica. Infelizmente, muitos chegam ao hospital sem vida ou com quadro clínico tão avançado que mesmo a terapêutica adequada pode ser tardia.

A transferência é outro problema, pois no afã de encaminhar o paciente para um centro mais avançado, medidas essenciais que permitam uma transferência segura, muitas vezes, não são tomadas. São muitas as dificuldades para a transferência com o suporte adequado, entretanto, a responsabilidade inicial pela transferência é do médico que solicita a transferência (Resolução CFM 1.672/2003), que deve considerar que “pacientes com risco de vida não podem ser removidos, sem a prévia realização de diagnóstico médico, com obrigatória avaliação e atendimento básico respiratório e hemodinâmico, além da realização de outras medidas urgentes e específicas para cada caso”.

Diante de uma suspeita de meningite bacteriana, onde a tríade clássica (febre, cefaléia e vômitos), nunca deve ser desprezada, a introdução precoce de antibióticos (ceftriaxona ou mesmo penicilina cristalina, em doses plenas), antes do encaminhamento do paciente e mesmo sem confirmação diagnóstica, pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

* Ceuci de Lima Xavier Nunes (Cremeb 8876) é médica infectologista, conselheira do Cremeb e diretora do Hospital Couto Maia


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