Escrito por Fernando Pedrosa*

  Há poucas semanas tomamos conhecimento de que a Associação dos Municípios de Alagoas (AMA), em conjunto com o Conselho dos Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) realizaram reunião para discutir a participação dos médicos na Estratégia de Saúde da Família (ESF). Na oportunidade, debateu-se a dificuldade dos municípios em compor e manter a equipe com a presença de médico. Têm faltado médicos para compor todas as equipes da ESF no Estado. Além disso, a rotatividade de profissionais entre os municípios tem prejudicado o trabalho assistencial, daí a proposta de uma tabela de remuneração aos médicos pelos municípios mais pobres, podendo contratar médicos do ESF de cidades vizinhas. Caso algum profissional viesse a trocar de município, este perderia o incentivo do Estado e do Governo Federal.

Concordamos que a rotatividade e a ausência do médico têm prejudicado o funcionamento das ESF. Entretanto, o problema não pode ser resolvido colocando o médico como vilão e desse modo tentar resolver o problema transformando o trabalho médico em escravidão, deprimindo seu salário e impedindo o livre direito democrático de trabalhar onde as condições sejam mais justas. Lamentavelmente a categoria médica não foi convidada para a dita reunião, pois teríamos muito a contribuir com sugestões, no sentido melhorar o funcionamento da ESF, levando à população uma medicina de melhor qualidade.

Por que há carência de médicos nas equipes de ESF? Apesar das duas escolas médicas de Alagoas graduar por ano cerca de 130 médicos, a demanda não tem crescido. Nos últimos 10 anos o quadro tem permanecido em torno de 3.500 profissionais em atividade. A entrada dos recém-formados no mercado alagoano tem sido suficiente apenas para repor aqueles que, por diversas razões, tem abandonado a profissão. Outro dado é que hoje, a média de idade dos médicos na ativa é acima de 50 anos.

A maioria dos novos graduados não tem permanecido em Alagoas devido o baixo salário. Até mesmo os estados vizinhos remuneram melhor o médico. Em Alagoas paga-se o pior salário ao médico. Outro fator a ser destacado é que na rede conveniada aos planos de saúde (ou exclusivamente privada), o quadro é formado por grupos fechados, dificultando o acesso de médicos que concluem residência fora do Estado.

A solução para o problema da carência de médicos é o sistema remunerá-lo dignamente, oferecer boas condições de trabalho, com postos confortáveis e equipados que permitam uma assistência de qualidade. Querer resolver o problema com a proposta da AMA é, além de ilegal e imoral, transformar o médico em vilão de uma situação que não foi criada por ele. É desonestidade com uma categoria profissional que, individualmente ou coletivamente, tem contribuído pela melhoria dos indicadores de saúde nos últimos anos.

Os médicos que atuam nas equipes da ESF têm sido vítimas de administradores descompromissados com a população.

 

* É presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Alagoas (Cremal).

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


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