Escrito por Alfredo José da Fonseca*
O que todos desejam é o acolhimento de um sistema de saúde que os atenda no momento de suas angústias físicas e psíquicas. Esse atendimento exige uma boa e reconhecida formação do médico.
A questão orbita dois aspectos, um quantitativo e outro qualitativo.
A necessidade numérica de mais médicos em áreas menos atrativas nunca foi a questão polêmica. O ponto é por que não são atrativas, como torná-las interessantes e, primordialmente, como lidar com o fator tempo para realizar essas mudanças?
 
 
A aversão pelo risco pessoal e financeiro devido à vulnerabilidade dessas regiões é a causa da ausência ou da alta rotatividade. Situação que diminui o tempo de contato e deteriora a relação médico-paciente que é fundamental na construção de vínculos com seu natural elo humanitário. Soma-se a isso a falta de estrutura hospitalar e de suporte básico que fragiliza o profissional que depende de equipamentos, além de equipes.
Existe uma fórmula bem conhecida para resolver a quantidade de médicos através do modelo realizado pelas Forças Armadas. Propondo um projeto de lei, medida provisória ou PEC que se voltasse a um sistema civil também obrigatório por um ano, que selecionasse doutorandos de escolas de Medicina Públicas deixando a convocação militar limitada às faculdades particulares.
 
 
Essa atitude solucionaria com sobra a demanda aguda e permitiria a discussão serena de uma carreira de Estado para os médicos brasileiros, sem necessidade de envolver mão de obra externa. Demonstraria a sensibilidade do Governo tanto aos pacientes como à classe médica dissipando as especulações de casuísmo eleitoral concentrando as energias na mudança estrutural ao invés de polêmicas desnecessárias.
Os desdobramentos atuais com demissões de médicos brasileiros em prol de estrangeiros e o clima de hostilização de parte a parte vão no sentido errado da proposta, desfigurando sua ideia básica e provocando a perda de confiança entre profissionais e dirigentes políticos. Deturpar a imagem do médico só levará a mais problemas em longo prazo. Se a questão quantitativa tivesse sido considerada nesta proposta estaríamos discutindo a segunda parte do desafio, a qualitativa. Aliás, o número crescente de faculdades de Medicina na última década só reforça o capital humano disponível para realizá-la.
 
 
Talvez seja esse o motivo da primeira não ter sido realizada, pois a Saúde exige altos investimentos e manutenção igualmente onerosa. A má gestão sempre é apontada junto a desvios de verbas como a vilã do sistema, mas uma análise simples das contas públicas desmascara essa tese. Precisamos de melhores gestores mas, não se faz saúde apenas com médicos!
 
 
Países de dimensão geográfica como o Brasil exigem estratégias compatíveis com a grandeza de seu território e povo. Esclarecer quais rumos determinadas escolhas projetam é fundamental em uma postura honesta que sempre devemos ter em especial ao lidar com o bem público.
 
 
Reconhecer que alguns profissionais cometem erros e, que isso ocorre em todas as profissões com a óbvia necessidade de correções, mas que não pode ser justificativa para colocá-los com a regra de conduta de um coletivo profissional. Insistir em gerar esse tipo de constrangimento é típico de mentalidades autoritárias que não comungam o diálogo democrático, mas apenas se comportam como ouvintes sem considerar mudanças em seus dogmas políticos.
 
 
Toda sociedade paga um preço por suas escolhas e por suas omissões e as contas da Saúde, Educação e Segurança estão ficando tão caras com os juros da negligência que poderão levar a falência do tecido social.
 
 
A Tropa sem Elite dos mais médicos não será senão uma grande peneira que não poderá falsear a realidade das unidades de saúde. Os responsáveis pelos rumos atuais não poderão dizer que não foram alertados quando as consequências previsivelmente tristes vierem à tona. O Brasil tem de ser maior que suas mazelas e precisa catalisar a mudança correta com medidas ponderadas e eficazes.
 
 
 
* É médico cardiologista do HC/FMUSP
 
    

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