Escrito por Júlio Rufino Torres*
A comissão de revisão do Código de Ética Médica em suas primeiras reuniões recebeu como símbolo, proposto pelo seu coordenador, Roberto d´Ávila, a figura de JANUS, personagem da mitologia grega.
Janus ou Ianus, caracteriza-se por ter uma bicefalia com duas faces, olhando em direções diametralmente opostas: enquanto uma contempla o passado a outra olha para o futuro. Consta que originalmente uma era barbada e a outra não, uma masculina e outra feminina, talvez representado o sol e a lua; depois foi modificada passando a serem ambas barbadas.
Em relação ao uso de Janus para simbolizar o trabalho da Comissão a intenção proposta foi exatamente a de representar uma visão completa do passado – numa análise do código vigente, escrito há 20 anos – esforçando-se para trazer o futuro para compor o conteúdo do presente. Diante de qualquer imagem mítica temos o direito de acrescentar interpretações que julguemos pertinentes. Conhecedores que somos da anatomia e da fisiologia da visão podemos vislumbrar que os olhos voltados para o passado enxergam coisas e fatos que irão se ajuntar ao que é suposto como realidades futuras; os nervos ópticos fundem-se em um quiasma único levando imagens para um único centro cerebral, gerando o privilégio de uma visão panorâmica de quase 380 graus. Assim, nada de importante irá escapar de tão formidável percepção.
Em latim Janus (do grego) deu origem à palavra ianua, que significa porta e também janela; de janua (latim) originou-se “janela” na língua portuguesa como também “janeiro”, no sentido de que é o primeiro mês, a “porta” que se abre para um novo ano.
De portas e janelas escancaradas desta maneira manteremos vivo o desejo de abrangência para que nada importante passe desapercebido.
* Representante da Região Norte na Comissão de Revisão do Código de Ética Médica.
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