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Escrito por Nise Yamaguchi*

Todos os anos, em 29 de agosto, ocorrem manifestações por todo o Brasil em virtude do Dia Nacional de Combate ao Fumo. Isso acontece desde 1986 quando a Lei Federal nº 7.488 estabeleceu que a semana anterior à data seria marcada por campanhas para chamar a atenção da comunidade, especialmente de adolescentes e adultos jovens sobre os malefícios do fumo.

Trata-se, sem dúvida, de um marco relevante da luta contra o cigarro. Afinal, no 29 de agosto, as luzes da mídia e o foco da sociedade voltam-se para essa importante questão de saúde pública. É um momento em que as discussões se aprofundam e que se torna mais evidente a total falta de respeito que a indústria tabagista tem com a vida de seres humanos.

O fumo mata 5 milhões de pessoas no mundo anualmente, 200 mil delas só no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é fator casual de 50 doenças diferentes, destacando-se as cardiovasculares, o câncer e as doenças respiratórias obstrutivas crônicas. As estatísticas demonstram ainda que 45% das mortes por doença coronariana (infarto do miocárdio), 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema), 25% das mortes por doença cérebro-vascular (derrames) e 30% das mortes por câncer podem ser atribuídas ao cigarro.

Outro dado alarmante dá conta que 90% dos casos de câncer do pulmão têm correlação com o tabagismo. Recentemente uma campanha dirigida particularmente a livrar ou impedir que crianças e juventude sejam vítimas do cigarro foi lançada pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica/Regional São Paulo, com o apoio da Associação Paulista de Medicina, Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer (Napacan), União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama (Unaccam), Universo, Associação Brasileira das Mulheres Médicas, Rede Tabaco Zero, entre outras entidades.

Batizada de “Câncer tem cura, o tabagismo também”, almeja mostrar que o jovem que se envolve com este vício será usuário de uma droga que possui 50% de chances de matá-lo por seus malefícios. Portanto, é importantíssima a ação de jovens com essa consciência, para livrar outros do vício e também para fazer com que outros jovens nunca fumem. O objetivo central é, enfim, mobilizar a juventude para declarar guerra ao tabagismo.

Trabalhos disponibilizados no portal do Instituto Nacional de Câncer (INCA) relatam, literalmente, que ‘a elevada prevalência de fumantes no mundo deve-se principalmente à ação da indústria do tabaco, que investe vultosas quantias em promoção e propaganda de cigarros.

Para se manter viva, a indústria precisa repor continuamente seu ‘estoque’ de fumantes, fazendo dos jovens e adolescentes os principais alvos de suas campanhas promocionais. Cerca de 80% a 90% dos fumantes iniciam-se no tabagismo antes de 18 anos, sendo que, nos países em desenvolvimento, a maior proporção de jovens inicia-se em torno dos 12 anos’.

O Estudo Global do Tabagismo entre os Jovens, promovido pela Organização Mundial de Saúde em 46 países, mostra como é grave o tabagismo entre este público. Em muitos países crianças de 10 anos são viciadas em tabaco. No Brasil o mesmo estudo ouviu estudantes de doze capitais, entre 2002 e 2003.

A prevalência de experimentação ficou entre 36 a 58%, no sexo masculino, e 31 a 55% no sexo feminino. Esses números estarrecedores são uma prova inconteste de que algo precisa ser feito todos os dias para barrar a escalada do fumo. Apenas uma sociedade mobilizada e consciente terá força suficiente para se contrapor aos interesses da indústria do tabaco, empreendendo ações permanentes com o intuito de garantir que as futuras gerações não tenham suas vidas e saúde tão comprometidas quanto a nossa.

* É presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica/Regional São Paulo e Napacan.

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


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