Os médicos no Brasil estão atravessando a pior crise de sua profissão em toda a história da Medicina. A atual crise está implantada em todo o território nacional, não havendo estados imunes à mesma. Esta crise é sustentada por agressões externas e internas. As externas, representadas por tudo e todos que são contra os interesses justos, legítimos e legais dos médicos e as internas, por “colegas” alheios aos movimentos da categoria e que, assim, se colocam frontalmente contra a luta pelo resgate da dignidade do trabalho médico.
Embora poucos, esses “colegas” colocam em risco a estabilidade dos movimentos em várias vertentes e em momentos muitas vezes importantes para a solução dos problemas enfrentados pelos seguidores de Hipócrates. O fogo externo, o chamado “fogo inimigo” preocupa-me menos do que o chamado “fogo amigo”, este, com maior poder de destruição, pois, vem de dentro de nossas fileiras e os que o acionam, sabem de nossos problemas e dos estrangulamentos existentes no trajeto de nossa luta.
Agindo covardemente, esses “colegas” denigrem a nossa profissão e expõem nossas feridas, já tão sofridas pelas lutas que travamos. Conseguem dar algum tipo de fôlego aos inimigos da classe médica e conseguem, também, nos colocar uns contra os outros, numa “guerra santa” nunca vista em nosso meio. Apelar para suas condições de médicos, para a amizade e a solidariedade que devem existir entre colegas de uma mesma profissão, tem sido a conduta das entidades de nossa classe diante do surgimento de cada “fogo amigo”.
Infelizmente, os sucessos obtidos com esta política não são uniformes e, assim, temos encontrado dificuldades, principalmente junto a grupos estruturados e mais poderosos, talvez, por se considerarem intocáveis e acima do bem e do mal. Ledo engano! É chegado o momento dos CRM’s abrirem Processos Éticos contra os detratores de nossa classe, porque suas atitudes covardes e traidoras desmoralizam não somente a eles, mas também, a todos nós, médicos.
Não é possível que a luta de mais de um ano em prol da implantação da CBHPM seja ameaçada de fracasso, por ação de alguns “colegas”, que acreditam mais em nossos inimigos do que em si próprios e na luta coletiva de todos nós. Não é admissível ver toda uma classe ser desafiada e agredida por alguns de seus próprios pares e não é aceitável que cruzemos os braços, imobilizados e inertes às transgressões exercidas por esses “colegas”.
O dinheiro e a ganância de conseguí-lo cada vez mais e a qualquer custo, coloca esses “colegas” em posições contrárias a mais de 98% de todos os médicos do Brasil. A luta que temos travado com dignidade e altivez e que tem trazido conquistas importantíssimas para os médicos e seus pacientes, não poderá acabar por ação deliberada movida por interesses particulares e mesquinhos de quem quer que seja, principalmente, de médicos.
Infelizmente, teremos que continuar a luta contra o “fogo inimigo”, ao mesmo tempo em que combateremos o “fogo amigo”, pois, este é o caminho a que somos obrigados a seguir, diante dos que pensam mais em seus problemas atuais do que no futuro promissor e digno de toda a classe médica.
* Abdon Murad é conselheiro federal e presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Maranhão (CRM-MA).
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