Escrito por Jecé Freitas Brandão*

 

Tempos atrás, o cineasta José Padilha asseverou que na base do sistema político brasileiro opera um mecanismo de exploração da sociedade por quadrilhas, formadas por fornecedores de bens e serviços ao Estado e grandes partidos políticos. Na sua visão, essa estrutura opera em todas as esferas do setor público: Judiciário, Legislativo e Executivo, em todas as instâncias (União, estados e municípios).

No Executivo, esse mecanismo atua por intermédio de superfaturamento de obras e serviços prestados ao Estado. No Legislativo, opera via edição de normas legais que concedem vantagens indevidas a grupos empresariais dispostos a pagar por elas. Segundo Padilha, essa articulação existe à revelia da ideologia e, grosso modo, teria viabilizado a eleição de todos os governos brasileiros, desde a retomada das eleições diretas, sejam eles de esquerda ou direita.

Com os desdobramentos da operação Lava Jato, o tempo mostrou que as afirmações do cineasta estavam corretas e, pior, a rapinagem ao erário público foi devastadora, levando o país à trágica paralisação econômica a que assistimos estarrecidos.

Estamos convencidos de que, com o reforço da mobilização popular, a Lava Jato desmontará toda essa rede de corrupção. E mais: de que uma reforma política será capaz de remover e prevenir, no futuro, esquemas tão sofisticados e poderosos de corrupção que venham a ocorrer. É muito importante que membros da categoria médica se disponha a participar mais da política!

Pesquisa recente do Datafolha, encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), revelou que a profissão médica atualmente ocupa o primeiro lugar em confiança e credibilidade da sociedade brasileira, quando comparada a outras categorias organizadas. A sociedade, com esse reconhecimento, espera um protagonismo político maior por parte dos médicos.

Nesse sentido, em palestra proferida no ano passado em Fórum sobre Saúde Pública, no CFM, o médico e deputado federal pelo Mato Grosso do Sul, Luiz Henrique Mandetta, conclamou os presentes a incentivarem os médicos no sentido da participação mais efetiva na política brasileira. Dizia ele: “se conseguíssemos eleger um médico por estado para a câmara federal, em 2018, potencializaríamos forças para ressuscitar e tirar do caos a saúde pública do país”.

Pessoalmente, estou convencido de que problemas crônicos do Sistema Único de Saúde (SUS) – como (i) subfinanciamento; (ii) congelamento cruel e devastador da tabela de remuneração dos profissionais, hospitais e serviços; (iii) ausência de carreira estruturada para os milhões de trabalhadores do SUS; bem como (iv) ocorrência de gestões desastrosas (em sua maioria, baseadas em nomeações políticas descompromissadas com a qualificação técnica do gestor) – seriam melhor endereçados se tivéssemos uma bancada comprometida com o setor no Congresso Nacional.

No plano privado, é inadiável o resgate da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) do poder leonino das operadoras de planos de saúde. Vamos eleger um novo congresso com novas pessoas!

Por certo, os eleitos em 2018, diante do descrédito generalizado experimentado pela política que vem sendo cunhada ao longo desses anos, terão papel histórico de alta relevância, ou seja, participar da elaboração da reforma do sistema político do país. Portanto, terão a chance de propor e consolidar mecanismos de prevenção à corrupção, nova estrutura partidária (hoje temos 35 partidos e 56 outros na fila de registro) e de garantir políticas no sentido do aprofundamento e da estabilização do Estado Democrático de Direito; e do princípio da dignidade da pessoa humana (fundamentais à liberdade, à autonomia e ao acesso à realização pessoal satisfatória pelos brasileiros).

Pelo exposto, conclamamos os médicos brasileiros a se mobilizarem em torno de nomes, profissionais de medicina de preferência, para que, eleitos deputados federais pela categoria, venham a compor a bancada da medicina. Assim, serão nossos porta-vozes para, com poder político, resgatar a caótica assistência à saúde pública e privada e restabelecer a dignidade profissional dos médicos, tão vilipendiada pelos sucessivos governos.

 

* É o 2º vice-presidente do CFM.

  

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).

 

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