CRM Virtual

Conselho Federal de Medicina

Acesse agora

José Hiran da Silva Gallo*

Em situações de emergência, infelizmente, há sempre os oportunistas de plantão. Pode-se classificá-los em duas categorias. A primeira é a dos que se aproveitam para levar vantagem econômica, aumentando preços em períodos de escassez ou oferecendo soluções miraculosas por valores exorbitantes. Normalmente, escolhem como vítima o erário.

Num período de pandemia, como o atual, deve-se ficar atento, pois essas pessoas não agem sós. Normalmente, estão vinculadas a grandes empresas e transitam pelos altos escalões, surfando nas brechas da legislação ou nas exceções abertas por conta do estado de calamidade declarado.

É assim que nascem os superfaturamentos, as compras sem licitação ou as entregas de produtos que nem de longe valem o que foi pago por eles. No momento em que a covid-19 criou uma verdadeira comoção nacional, o noticiário começa a trazer exemplos desse tipo de conduta aqui e acolá.

Como já apontamos há poucas semanas, em artigo publicado, é hora de os órgãos de fiscalização e controle, como os Tribunais de Contas, o Ministério Público e mesmo as assembleias legislativas e câmaras de vereadores, acompanharem atentamente as publicações de editais e de extratos de compras, bem como as execuções orçamentárias.

O malfeito sempre deixa rastros e impressões digitais. No setor público não é diferente. O bom gestor sabe da existência desse grupo e se protege com transparência e cercando-se de todos os cuidados possíveis. Aqueles que são mais displicentes ficam à mercê e – podem estar certos – terão dificuldades.

O outro tipo de oportunista que costuma aparecer em momentos de crise, como o atual, é aquele que age em função de projetos pessoais, que são travestidos das melhores intenções mas, no fundo, atendem apenas aos seus próprios desejos – ou aos de seus amigos.

Esses são os aproveitadores do sentimento de insegurança da população, que forçam a mão para fazer passar propostas que não respondem ao que realmente o povo quer e precisa. Recentemente, temos escutado os apelos de políticos e gestores defendendo que brasileiros que se formaram em medicina em países como a Bolívia e o Paraguai possam atuar no Brasil sem a necessidade de provarem que sabem realmente fazer medicina.

Quem defende essa ideia usa como argumento a pandemia da covid-19, mas esquece de contar a história inteira. Para começar, essa pauta não tem a ver com o coronavírus. Há anos tentam fazer avançar essa proposta, que já foi barrada pelo Congresso Nacional e pelo Executivo Federal em diferentes oportunidades.

Além disso, esquecem de contar que ninguém sabe de fato se esses portadores de diplomas estrangeiros têm condições de atender a população com segurança e eficácia. É fato conhecido que as escolas de medicina na região das fronteiras boliviana e paraguaia mais parecem um cursinho pré-vestibular do que uma faculdade.

Salas com centenas de alunos, falta de laboratórios, professores sem preparo, ausência de campos de estágio: esses são apenas alguns dos problemas reconhecidos. O quadro é tão ruim que, segundo relatos desses países, os que se formam nessas escolas não têm autorização para praticar medicina no Paraguai e na Bolívia.

Bem, se eles não podem atuar do outro lado da fronteira, por que poderiam atuar aqui? Por acaso podem usar o brasileiro como cobaia para praticar medicina? Para o Conselho Federal de Medicina (CFM), a resposta é um “não” bem redondo. Antes disso, devem passar em exames sérios, que avaliem se têm conhecimento, capacidade e competência. Se aprovados, serão muito bem-vindos e terão total apoio.

Esse zelo não é coisa só do Brasil. Exames semelhantes ao Revalida (como é chamado por aqui) são exigidos nos Estados Unidos, na Alemanha, França, Itália, em Portugal e na grande maioria dos países sérios. A vida da população vale muito para esses governos, e neles os oportunistas não têm vez.

É lamentável ainda existirem pessoas – em cargos importantes – que defendam essa distorção, que expõe a população aos riscos do mau atendimento, mau diagnóstico e mau tratamento. Em lugar disso, deveriam deixar o oportunismo de lado – de todas as categorias – e trabalhar com afinco pela seriedade na administração pública e por melhores condições de trabalho e atendimento nos hospitais e prontos-socorros. É desses remédios que o Brasil precisa contra os vírus que o afligem!  

 

* Diretor-tesoureiro do Conselho Federal de Medicina e pós-doutor e doutor em bioética

* Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.
https://fortune-rabbit.top/ namoro no brasil pinup mostbet apk winzada 777 tiger fortune блэкспрут сайт Fortune Tiger Fortune Tiger Plinko
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.