Escrito por Agatângelo Vasconcelos*

 Uma extensa e cuidadosa pesquisa levou o médico Fernando Gomes e a arquiteta Márcia Monteiro, ambos laureados com títulos acadêmicos de elevado quilate, à elaboração de um livro importante para a compreensão da Medicina em Alagoas. Trata-se da obra intitulada A Saúde em Alagoas, caminhos e descaminhos. Debruçaram-se os autores sobre o período de 1822 a 1889 para o entendimento das principais questões ligadas à saúde pública em nossa Província. Na época considerada existia uma assistência médico-social precária, inserida em dificuldades advindas de uma série de fatores. Dentre estes destacamos a concepção hipocrático-galênica da “Ars curandi” de então e uma enorme desinformação que a todos atingia. Porém, o que avulta é a escassez de recursos econômicos e financeiros. A população, pobre e ignorante; as instituições governamentais permanentemente indigentes de recursos humanos, materiais e financeiros: penúria generalizada! Já na introdução da obra os autores enfatizam ser impossível uma apreciação da saúde de um povo sem uma acurada observação dos seus aspectos sociais, econômicos e culturais. É pois, dentro de um contexto assim estruturado, que se compreenderá a Medicina e a Saúde, ao longo da História.

O livro mostra a nossa herança colonial, assim como o surgimento de uma legislação sanitária em terras brasileiras, significativamente a partir das Posturas Municipais, no Rio de Janeiro, em 1830. Ressalte-se: em Alagoas, já em 1831 Penedo adotava Posturas Municipais, pioneiramente. O período imperial foi de extrema precariedade médico-hospitalar, agravada por terríveis epidemias: de febre amarela, peste bubônica, varíola e cólera, as quais periodicamente grassavam em nosso território. Seja dito, as autoridades enfrentavam tais flagelos como podiam, geralmente com esforços para debelá-los. Assim, desde 1835 havia dotação orçamentária para os “cirurgiões de vacina”, medidas higiênicas eram tomadas, enfermarias preparadas, medicamentos estocados, socorros solicitados ao governo Imperial e às províncias mais próximas. Tais recursos algumas vezes chegaram-nos, outras não, como hoje.

Os que lerem Fernando Gomes e Márcia Alencar terão uma panorâmica da história nacional, não apenas uma visão da Medicina que entre nós era praticada. Da História tiram-se lições que nos fazem compreender o presente e, sobretudo, projetar o futuro. As atuais epidemias de dengue e de cólera não decorreriam, talvez, dos mesmos descaminhos que existiam no passado? Afinal, “a História é Mestra da vida” (Cícero).

* É médico e professor universitário.

Publicado no jornal Gazeta de Alagoas, em 10/04/2005.

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