Adelino Amaral*

Em período de retrospectiva do ano que passou, reconheço que 2017 foi um grande marco para a comunidade médica de reprodução assistida. Isso porque o Conselho Federal de Medicina (CFM) atualizou as normas para a utilização das técnicas de reprodução assistida no Brasil em novembro. As mudanças vieram para aprimorar o atendimento aos pacientes e abranger ainda mais os diferentes casos que buscam realizar o sonho de ter um filho: desde solteiros, casais homoafetivos ou pessoas com problemas de fertilidade — com o mínimo de riscos possíveis para a saúde do bebê e da mãe.

Desde o primeiro marco da reprodução assistida no Brasil — o nascimento de Anna Paula Caldeira em 1984 —, muito mudou. Ela foi a primeira criança gerada por fertilização in vitro (FIV) na América Latina e nasceu seis anos depois do primeiro caso no mundo — Louise Brown, na Inglaterra. Mas tudo iniciou ainda antes, em meados de 1890, quando o dr. Walter Heape, da Universidade de Cambridge, também na Inglaterra, reportou a primeira transferência embrionária (TE) entre espécies de coelhos, dando origem a uma prole saudável.

Após mais de 40 anos da primeira transferência de embriões, pesquisadores da Universidade de Cambridge e de Harvard, nos Estados Unidos, reportaram a primeira fertilização de óvulos de coelhos com espermatozoides em laboratório, em um vidro de relógio. Por isso foi chamada de “fertilização in vitro”.

Ao longo da década de 1980, numerosos avanços permitiram um desenvolvimento significativo da área na medicina e, em 1992, ocorreu mais um grande marco mundial, agora em casos de infertilidade masculina: a primeira gestação após injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI). Nessa técnica, um único espermatozoide é injetado diretamente no óvulo, o que leva a um aumento substancial nas taxas de fertilização em relação à FIV e tem resultados melhores do que o procedimento utilizado anteriormente. No Brasil, esse método obteve sucesso em 1994.

Para a comunidade médica, o desenvolvimento da vitrificação — técnica de congelamento — pode ser considerado outro importante momento para a reprodução assistida. No Brasil, o início dessa técnica em embriões data do ano de 2005. Com ela, a sobrevivência de embriões após descongelamento é de mais de 95%, muito acima do que era obtido com o antigo congelamento lento. A vitrificação também foi aprimorada para o congelamento de óvulos, como forma de preservar a fertilidade feminina e postergar a gravidez.

Os avanços não param. Em 2014, um nascimento após transplante de útero na Suécia abriu uma nova possibilidade para mulheres que não poderiam gestar. A paciente tinha os ovários funcionais e se submeteu à FIV para criopreservação de embriões antes do transplante. Um ano depois, a receptora engravidou com a transferência de um único embrião e deu à luz um bebê saudável. No Brasil, em 2017, um grupo da Faculdade de Medicina da USP obteve o primeiro nascimento do mundo usando útero de cadáver.

Estamos em constante procura por novas conquistas nessa área da medicina, e os dados são otimistas. O número de ciclos realizados no Brasil, por exemplo, mais que dobrou de 2011 para 2016, chegando a 33.790 procedimentos no ano passado, segundo o Relatório do Sistema Nacional de Produção de Embriões (SisEmbrio), elaborado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Mesmo sabendo que ainda existem algumas clínicas que não reportam seus dados para o SisEmbrio, os números mostram a evolução.

Mas para a comunidade médica, os dados mais importantes foram divulgados em 2017 no último Registro Latino-Americano de Reprodução Assistida: aumento de 50% no número de ciclos realizados no Brasil com apenas um embrião. Isso significa que o número de embriões transferidos com reprodução assistida no Brasil vem reduzindo. Os casos nos quais é feita a transferência de dois embriões também caíram de 30% em 2000 para 80% em 15 anos.

Buscamos uma taxa menor de gestações múltiplas, para possibilitar uma maior segurança para os pacientes, já que uma gravidez de gêmeos, ou mais bebês, leva a riscos para a futura mãe e para os filhos. É mais uma conquista que vem sendo alcançada devido ao aperfeiçoamento das técnicas e ao avanço tecnológico na medicina, que permitem selecionar embriões com maior probabilidade de gerar uma gestação de feto único.

O que nos espera em 2018? Vamos em frente na busca de aprimorar e aperfeiçoar as diferentes áreas da medicina, para manter e restaurar a saúde e melhorar a qualidade de vida de nossos pacientes.

 

*Diretor da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida.

 

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).

 

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