Escrito por Alfredo Guarischi*
Quem não conhece a história vai repetir os erros do passado. O jovem Ministro Alexandre Padilha, deveria refletir. Sua afirmação que “está ministro, mas é médico” é um afronte a história. Tenta plagiar o intelectual Eduardo Portela, demitido do Ministério da Educação por discordar do General Presidente Figueiredo. Padilha não se comporta como médico. Ele é o Ministro da Saúde (MS) com os bônus e os ônus. Distorce a realidade ao afirmar que a má distribuição dos médicos no Brasil é o principal responsável pelo caos e desorganização do SUS.
Engana a população ao negar o fundamental papel dos enfermeiros, farmacêuticos, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, assistentes sociais, psicólogos, nutricionista e uma enorme gama de profissionais que compõe o sistema de saúde. Sem estes profissionais o sistema não existe. Um sistema de saúde não se faz sem médicos, mas também não se faz somente com médicos.
Importar médicos parece mais fácil que importar jabuticaba- que só existe no Brasil. Muitos companheiros foram para o exterior – Cuba, Paraguai e Bolívia – porque não passaram no vestibular. Para poder atender qualquer brasileiro precisam revalidar seu diploma. Com a taxa de reprovação de 90%, o MS propõe uma licença especial para atender somente os brasileiros pobres. Cria desta forma nova apartheid. Isto é absurdo. Não se está discutindo mercado de trabalho, mas competência profissional.
Saúde não tem preço, mas tem custo. Nos municípios desassistidos falta de tudo e não apenas médicos. O MS distorce a realidade. Acusa os médicos de elitistas burgueses, por “preferirem” os grandes centros. O que temos feito é denunciar os aparelhos importados que ficam encaixotados e a falta de pessoal técnico. O escândalo com as despesas com o aluguel de equipamentos. Pergunte a Policia Federal. Os leitos vazios e pacientes internados nos corredores. A terceirização desenfreada. A taxa de renúncia fiscal de hospitais ditos filantropos. A ANS – que fiscaliza os planos de saúde – na qual seus principais dirigentes oriundos destes mesmos planos. A crônica desautorização ao Conselho Nacional de Saúde nos levou a sair deste importante órgão.
A solução milagrosa obrigando recém-formados e sem residência médica “treinar” em pobres é criminosa.
A primeira vítima de uma Guerra – mesmo verbal – é a verdade. O conceito de saúde é amplo. Faltam pediatras, mas nos locais em que houve melhoria no saneamento e educação a mortalidade infantil diminuiu. Um estadista olha para a futura geração e não para próxima eleição, por isso as ruas clamam por estadistas e não por um projeto de poder.
Com um pouco de humor e reflexão: “Volta para casa Padilha!”. Seja um estadista e volte a ser médico.
* É Cirurgião, membro da Câmara Técnica de Oncologia do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj)
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