Escrito por Herberth Marçal*
“Quanto mais civilizados se tornam os homens, mais eles se tornam atores. Querem exibir-se e fabricar ilusões.”
Atribuído a Kant
Sustentados pelas suas irrevogáveis e recorrentes determinações de manipular e iludir a população , nossos políticos , sem amarras ou compromissos ativos, apenas representativos para o futuro, divergente do que preconiza as ciências médicas, sugeriram a vinda de profissionais estrangeiros – MÉDICOS – para o Brasil. Ora, isso é, evidentemente, um equívoco e seu prognóstico é apocalíptico; considerar que a falta de assistência médica, em regiões isoladas, possa ser combatida com a criação irresponsável destes projetos. Portanto, é oportuno salientar, que o país precisa não de um número maior de médicos, mas de uma melhor formação de profissionais e de uma estrutura de trabalho digna. Contudo, estas propostas subestimam a doutrina médica e põem em risco a saúde da população. Comecemos por revelar que estes processos nada mais são do que um jogo político; nossos gestores, alguns médicos, que jamais serão atendidos pelo SUS , não são incautos e tampouco ingênuos a ponto de acreditar em tal empreitada. Todavia, também, nesse terreno, uma vez estabelecido este intento, se pode pensar por ironia que a população carente, enferma, longe dos centros urbanos, que procura ajuda no serviço de saúde pública será atacada com armamentos bélicos – profissionais estrangeiros, alguns mal preparados, e sem condições de trabalho. Assim, quando passar esta embriaguez de sangue de nossos governantes, e eles contarem os feridos e os mortos, compreenderão que vai ser difícil explicar sua ação à opinião pública e tampouco enganar a imprensa , com o discurso que se tratava de uma deliberação emergencial. Sucede, porém, que não se pode ficar tendo experiências sangrentas, como num campo de concentração nazista. O médico bem formado, bem preparado em um ambiente onde as condições de trabalho sejam suficientes para o exercício de seu mister, é um bom sistema de saúde. A profissão médica da atualidade é vulnerável, ameaçada por todos os lados. É dever do profissional protegê-la e preservar a ética. E, com efeito, não obstante a possuir, o médico tem sempre necessidade dela, estabelecendo boa formação diligenciada a uma competente propedêutica clínica, com o seu devido suporte complementar e terapêutico adequado. Assim, chega uma hora em que cada um de nós tem que abandonar as esperanças depositadas nos administradores do país, e aprender por meio das dificuldades e dos sofrimentos que foram sobejados pelos políticos à sua vida . Ao mesmo tempo, é inerente a qualquer civilização contrariada em seu direito, a luta e a competição social. Elas são indubitavelmente indispensáveis à sobrevivência. E, danem-se os políticos!
Herbert Marçal
* É médico perito da Justiça Federal em Belo Horizonte (MG).
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