A importância do setor de serviços para o crescimento da economia do País e a participação expressiva da medicina nesse segmento tão importante para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi abordada pelo economista e advogado Marcelo Guaranys, na conferência de abertura do I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina (ENCM) do ano de 2024. Segundo ele, que ocupou cargos e funções em diferentes governos ao longo dos últimos 25 anos, quanto mais o PIB cresce, mais as pessoas consomem e gastam, inclusive com saúde.
Os dados do IBGE colocam o setor de serviços na posição de maior empregador do País e de principal componente do PIB pela ótica da oferta, com peso de cerca de 70% no indicador. Nesse contexto, as despesas relativas à saúde equivalem a cerca de 10% da soma de todos os bens e serviços produzidos pelo Brasil. Um detalhe: a participação das famílias nesses gastos vem crescendo desde 2011, como aponta o Instituto.
Guaranys ressaltou, no entanto, que a pandemia de covid-19, que abalou o sistema de saúde mundial e deixou milhões de mortes, modificou complemente o quadro econômico do Brasil. Entre os impactos, está a queda do PIB, interrompendo a realização de reformas importantes na área econômica, o que gerou volumoso aumento de gastos públicos e fez a inflação voltar à casa de dois dígitos percentuais.
No entanto, ele acredita em dias melhores. “O Brasil tem um potencial imenso: temos estabilidade política (apesar de alguns percalços) e sustentabilidade energética. Somos o celeiro do mundo na produção de alimentos e uma potência em petróleo e minério. Os riscos são a instabilidade, o alto nível de gastos públicos, a falta de realização de reformas necessárias e de investimentos em educação”, listou o economista, complementando que a Reforma Tributária é fundamental para o País seguir o caminho do desenvolvimento.
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), José Hiran Gallo, concordou com Guaranys em relação ao panorama traçado sobre a economia do País e afirmou que a ideia chave para que o PIB continue crescendo de maneira sustentável é racionalização de gastos públicos. “Se gastamos mais do que arrecadamos, vamos para o buraco. O cenário hoje é positivo. Mas é preciso racionalizar as despesas públicas”, disse.
O I Encontro Nacional dos Conselhos de Medicina do ano de 2024, que marca a gestão CFM 2019-2024, foi realizado na sede do CFM, em Brasília, nos dias 7 e 8 de março. Na programação, constam conferências e mesas de debate sobre temas relacionados à formação médica, mercado de trabalho, operadoras de planos de saúde e regras de publicidade médica.