Sobrecarga de trabalho, vínculos empregatícios frágeis e condições precárias de atendimento. São muitos os fatores que levam ao enfrentamento de sérios transtornos mentais, como depressão e comportamento suicida. As condições de saúde mental do médico afligem os Conselhos de Medicina e foram discutidas durante o IV Fórum Nacional de Integração do Médico Jovem.
A discussão foi aberta com a apresentação do psiquiatra e conselheiro federal representante do Piauí, Leonardo Sérvio Luz, que falou sobre experiências de prevenção de transtornos psiquiátricos de médicos no mundo. Segundo ele, um estudo do Centro de Psiquiatria e Neurociências de Paris com médicos residentes analisou a prevalência de burnout entre 17.431 acadêmicos e apontou a ocorrência da síndrome em 44,2% deles.
Mão de obra – Os problemas enfrentados pelos recém-formados foram destacados pela presidente da Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR), Pauline Elias Josende. Segundo ela, denúncias de assédio e sobrecarga de trabalho lideram a lista de reclamações, seguidas da falta de infraestrutura para a especialização e a falta de preceptores.
“Vagas nos programas de residência médica são abertas para contratação de mão de obra barata, sem condições de ensino e sem alguém que saiba ensinar”, destacou Josende.
Residentes relataram uma rotina de seguidos plantões. Entre uma jornada e outra, muitas vezes dormem mal e pouco. A falta do merecido descanso também traz importantes repercussões à atuação médica e prejuízos à qualidade de vida. O tema foi destacado pelo psiquiatra Arthur Hirschfeld Danila, do Núcleo de Apoio ao Estudante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Na apresentação “A importância do autocuidado em saúde mental”, o médico trouxe análises sobre os danos causados pelo sacrifício do repouso, como erros médicos, acidentes com materiais perfurocortantes e desastres automobilísticos após plantões.