Na segunda parte do XIII Fórum da Comissão de Ensino Médico do Conselho Federal de Medicina (CFM), que teve como tema central “Campos de Estágio de Cursos de Medicina”, os participantes do evento, representantes do Ministério da Educação (MEC), secretarias estaduais e municipais de saúde, entidades médicas, de saúde e de ensino, afirmaram que a boa formação de estudantes de medicina se dá majoritariamente fora de salas de aula, principalmente nos campos de estágio.

Para o coordenador da comissão, conselheiro Julio Braga, nenhuma prática de simulação substitui o contato real com os pacientes. “O trabalho em equipe multiprofissional e a observação de médicos éticos e competentes atuando são modelos indispensáveis e inesquecíveis para os alunos. Os atendimentos reais supervisionados são uma oportunidade única de avaliar o desenvolvimento dos alunos e se estão capacitados para o exercício profissional”, disse.

Patrícia Tempski, coordenadora do Centro de Desenvolvimento de Educação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, falou sobre o tema e a importância de se valorizar a figura do preceptor, responsável por orientar o estudante durante o estágio. “A qualidade da formação acaba tendo resultado na qualidade do serviço à população. O ensino tem que sair de sala de aula e dos laboratórios e ambulatórios e ganhar UBSs, pronto-atendimentos, comunidades, centros de atenção psicossocial”, ressaltou.

O coordenador do curso de Medicina da PUC-PR, José Knopfholz, também chamou a atenção para o assunto e disse que tem de haver uma avaliação sobre o estagiário que o envolva, o motive e o engaje. “Tem de ser na linha do ‘se me envolver, eu vou aprender’. A avaliação é uma grande oportunidade de aprendizado: assiduidade, pontualidade, interesse, ética. E que haja também uma auto avaliação e mais avaliações feitas pelos companheiros de estágio, pacientes, professores e equipe”, explicou.

Gustavo Romão, atual presidente da Comissão de Residência Médica da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Ele discorreu em sua palestra sobre como garantir uma prática médica segura. “Quanto maior for a demonstração do aprendizado, menor é a supervisão que ele precisa”, resumiu.

IMPORTÂNCIA SOCIAL – O ex-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) Cipriano Maia, por sua vez, disse que os campos de formação de estudantes de medicina devem ter abordagens mais amplas , que vão desde os aspectos biológico ao social. “Temos que oferecer ao aluno a possibilidade de enfrentar problemas de saúde na medicina de comunidade, por exemplo. O SUS tem que ser campo de formação em todos os seus espaços”, afirmou.

Em relação ao SUS, o presidente do Instituto de Educação Médico (Idomed), Silvio Pessanha Neto, destacou que, a depender da forma com que são firmados os contratos com os cursos, municípios que recebem escolas médicas podem apresentar melhorias significativas nos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde.

O país ainda apresenta uma alta concentração de escolas médicas nas regiões mais ricas, onde havia mais campos de estágio qualificados. Mayra Pinheiro, ex-secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde, do Ministério da Saúde, tratou dos problemas da concentração de faculdades, com base no estudo ProvMed, feito pela pasta, que rastreou a distribuição desigual das vagas de graduação de medicina, e chamou a atenção para dificuldades na monitoração dos campos de estágio apresentados pelos cursos. “Detectamos um curso, em local remoto, que apresentava campo de estágio a 500km de distância”, resumiu.

DISTRIBUIÇÃO DESIGUAL – O coordenador do curso de medicina na Faculdade São Leopoldo Mandic, Guilherme Succi, falou sobre a utilização de campos de estágio em serviços de saúde privados. “A diversidade de campos de prática impacta positivamente na formação profissional, mas há muitas dificuldades na realização em serviços privados. Cuidados devem ser tomados para adequação”, observou.

A consultora técnica do Conselho Nacional de Secretarias municipais de Saúde (Conasems), Maria Cristina Sette de Lima, discorreu sobre a execução dos estágios pelos municípios do país. Já o ex-presidente da Federação Brasileira das Academias de Medicina José Baratella questionou se é possível suplantar o déficit de campos no Brasil. Ele comentou que cenários de prática são imprescindíveis. “Com treinamento, há evolução de comunicação, há evolução comportamental, há desenvolvimento de habilidades clinicas anamnese e exame físico, com comportamento ético e formação humanitária”, concluiu.

Por fim, a secretária de Educação Superior do MEC, Denise Carvalho, falou sobre como é preciso formar professores capazes de ensinar os profissionais a aprender. “Na medicina, não se aprende sozinho a ser médico. E mesmo a atualização ao longo da carreira precisa de supervisão. É diferente de outras profissões”, acredita.

O XIII Fórum da Comissão de Ensino Médico, que teve como tema central “Campos de Estágio de Cursos de Medicina”, contou com a participação de quase 700 médicos inscritos e teve transmissão ao vivo nas redes sociais.

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13 out 2023
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