Durante o XIII Fórum da Comissão de Ensino Médico do Conselho Federal de Medicina (CFM), que teve como tema central “Campos de Estágio de Cursos de Medicina”, os médicos participantes dos debates manifestaram preocupação com a quantidade e a qualidade dos locais onde os formandos praticam o que aprendem em sala de aula e também criticaram a abertura indiscriminada de escolas médicas no país, promovida pelo Governo Federal.

O seminário, organizado pela comissão da autarquia , coordenada pelo conselheiro Julio Braga, contou com a participação de representantes do Ministério da Educação (MEC), secretarias estaduais e municipais de saúde, entidades médicas, de saúde e de ensino.

Para Braga, os debates ocorridos na quarta-feira (11) foram muito produtivos, inclusive com o relato de experiências de fora do Brasil, como o feito pela ex-presidente da Associação Internacional de Educação Médica (AMEE) Madalena Patricio. “Ficou ainda mais claro para todos que, sem infraestrutura, corpo docente qualificado e campos de estágio, o universitário dificilmente conseguirá obter uma boa formação”, resumiu.

Segundo ele, a falta de estágios adequados faz com que o aluno comece a trabalhar como médico sem ter desenvolvido as habilidades necessárias para a segurança do paciente.

O primeiro a falar no fórum foi o diretor-presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Sandro Schreiber, que ressaltou ser impossível fazer ensino médico com qualidade sem a presença de médico e também de outras equipes. “O médico deve estar no centro do espaço, mas a presença e interrelação com outros profissionais de saúde é, também, essencial. Aprendemos a trabalhar em equipe com trabalho em equipe, não em livros”, sublinhou.

José Geraldo Lopes, ex-presidente da Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino (Abrahue), falou sobre a importância dos hospitais de ensino. Segundo ele, os hospitais de ensino certificados devem oferecer pelo menos 80 leitos operacionais, nos casos de hospitais gerais, e 50 leitos, nos casos de hospital especializados ou maternidade. “Além de volume de atendimento de pacientes, tem que ter estrutura mínima para gerar ensino. Os hospitais de ensino têm de ter, obrigatoriamente, uma estrutura mais organizada, com comissões de ética médica, ética em pesquisa, prontuário, óbito, entre outras”, explicou.

A secretária executiva da Comissão Nacional de Residência Médica, Viviane Peterle, falou sobre a importância de uma boa formação na graduação, alertando que a Residência Médica é essencial, mas não deve se tornar o local de correção de falhas na formação durante a graduação, como vem acontecendo. São necessárias mais vagas, com mais especialidades, garantido supervisão qualificada e com melhoria nas bolsas para estimular os recém graduados.

NOVAS ESCOLAS – Já Helena Sampaio Andery, secretária de Regulação e Supervisão da Educação Superior do MEC, discorreu sobre a criação de novas escolas médicas no país, inclusive no período da moratória, com liminares judiciais, e destacou a retomada de novas faculdades com base nas regras do Mais Médicos. “Há uma preocupação central com a existência de campo de prática, essencial para o futuro de formação de médicos”, declarou.

Mas o coordenador do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas (Saeme-CFM), Donizete Giamberardino, avalia que o futuro da medicina está sendo colocado em risco com a abertura indiscriminada de escolas médicas porque a confiança da sociedade está diretamente ligada à formação da capacidade humana e técnica dos futuros médicos.

Milton de Arruda Martins, coordenador-executivo do Saeme, falou sobre a importância do mecanismo para avaliar o funcionamento de um curso de medicina no país, incluindo os campos de estágio. Ele lembrou que o sistema de acreditação do CFM recebeu em 2019 o reconhecimento pela World Federation for Medical Education, e é o único do Brasil com padrão de qualidade reconhecido internacionalmente, já avaliou 76 cursos, com 53 acreditações no total. “Só este anos já visitamos 22”, citou.

LEONARDO DA VINCI – Madalena Patricio, ex-presidente da AMEE e que dirigiu o Departamento de Educação Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tratou do método chamado de projeto Leonardo da Vinci, sobre como elaborar diretrizes que possam ser aplicadas nos campos de estágio. “Assiduidade, pontualidade, demonstração de interesse, participação, componente teórico, qualidade de desempenho, aptidões, qualidade das atitudes. Tudo é critério de avaliação de um formando em medicina”, destacou.

Jeancarlo Cavalcante, 1º vice-presidente do CFM, elogiou o projeto e demonstrou preocupação também com a acessibilidade de pessoas com necessidades especiais, como alunos sem visão e/ou paraplégicos, nos cursos de medicina e estágios. “O número está crescendo. Como garantir que todos recebam boa formação?”, questionou.

AUSÊNCIA – A secretária de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Ministério da Saúde, Isabela Pinto, foi convidada a participar do fórum com antecedência, mas indicou uma substituta. Porém, na véspera do evento, Informaram que a indicada não viria.

O XIII Fórum da Comissão de Ensino Médico, que teve como tema central “Campos de Estágio de Cursos de Medicina”, contou com a participação de quase 700 médicos inscritos e teve transmissão ao vivo nas redes sociais.

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13 out 2023
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