Escrito por José Andersen Cavalcanti, médico perito federal
Depois de quase 35 anos de serviço público como concursado, vi, durante todos esses anos e trocas de governo, as formas mais diversas e talvez ineficientes de preenchimento dos cargos ditos de confiança ou de chefia. Por exemplo, indicar um amigo de muitos anos, que mesmo sem nenhuma formação técnica que possa contribuir com a administração, é amigo do peito, da turma… Já vi também indicar exatamente todos os que perderam suas funções de confiança ou gratificações de chefia na troca de governo, como se fosse um jogo de futebol onde um sobe, outro desce, também pouco importando a qualificação, como fosse a hora da vingança, que se repete em ciclos… Ciclos viciosos.
Mas há também a questão do aproveitamento de quem sobra numa disputa eleitoral e deve ser recompensado, mesmo com prejuízo das administrações. Isso tudo em nome de um velho e surrado paradigma: servidores de carreira não são de confiança… apesar de serem os que sempre estarão lá, levando o serviço adiante, seja qual for o partido vencedor.
Algo deve mudar, o bom senso e os modernos conceitos de administração pública deixam evidente que os ditos cargos de confiança devem ir no máximo até o segundo escalão dos novos governos, como vem sendo feito em outros países, por exemplo, a Inglaterra. A qualificação profissional também deve ser exigida dos novos indicados, o que certamente enriquecerá qualquer administração e, por conseqüência, o presidente, o governador, o prefeito eleito.
Temos a esperança, sempre a esperança até agora, de que os novos governos eleitos se cerquem de bons profissionais, busquem em seus próprios quadros concursados pessoas qualificadas e treinadas, e elas existem. O que desanima muitos é o fato de, após reciclagens, treinamentos e especializações, às vezes do seu próprio bolso, nem ouvidos são pelas novas administrações.
O que custaria ouvir, através de uma simples pesquisa, o que pensam os servidores da casa? Teríamos ótimas contribuições.
Eleitos do Executivo, ouçam seus servidores, procurem os mais qualificados, empossem pessoas também qualificadas para sua convivência mais próxima e gestão das políticas a serem implementadas, o que seria uma inovação bem-vinda pela sociedade em geral, objetivo final dessa disputa eleitoral. Sempre é tempo de a política evoluir em nosso país. Sucesso, governador. Pense grande.
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