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Escrito por Eduardo Franco*

 

Preconceito e falta de informação são alguns dos fatores que contribuem para o grande número de bebês infectados pelo vírus da aids

 

A chamada “transmissão vertical”, que acontece de mãe para filho, é uma das principais preocupações dos especialistas em relação à infecção pelo vírus HIV. De acordo com dados do Ministério da Saúde, cerca de 8% das gestantes soropositivas transmitem a doença para o bebê. A taxa é muito alta, já que em países de Primeiro Mundo esse índice é quase nulo.

O tratamento correto com o uso da combinação de três medicamentos (como por exemplo, a zidovudina mais lamivudina e nelfinavir, entre outras) faz com que os riscos do contágio para o recém-nascido sejam reduzidos para menos de 3%. Ou seja, o grande vilão da transmissão vertical é a falta de acompanhamento e terapia adequada. Por isso, é essencial que o diagnóstico seja precoce e que a paciente siga corretamente a terapia, que deve ser iniciada durante a gestação.

Os medicamentos devem ser oferecidos a todas as gestantes portadoras do vírus, mesmo que elas não tenham nenhum sintoma, pois diminui a quantidade de vírus HIV no sangue da mãe, reduzindo a chance de transmissão ao bebê. Tanto o preconceito quanto a falta de informação nos faz perder a chance de impedir que mais crianças sejam contaminadas com o HIV.

Um dos fatores que tem maior contribuição para o crescimento desse número assustador é a falta de acompanhamento pré-natal. O teste anti-hiv, que deve ser solicitado pelo médico no início da gestação, com o consentimento da gestante, muitas vezes não é realizado. Ele é o instrumento que permite um diagnóstico precoce da doença. Estudo apresentado no Boletim Epidemiológico da Aids comprova as informações. Só para se ter uma idéia, na região Norte e Nordeste somente cerca de 33% das gestantes que fazem o exame, ficam cientes do resultado.

O preconceito e a falta de informação também rondam as futuras mamães. Muitas ainda não sabem que a AIDS já deixou de ser uma doença de grupos de risco e podem afetar qualquer pessoa, independente de seu estado civil. Mulheres casadas e solteiras correm riscos, já que muitas podem ser contaminadas pelo marido ou namorado fixo em relacionamentos onde a vida sexual do parceiro diversas vezes é desconhecida. Como a doença pode ficar anos sem manifestação, as pessoas acham que nunca foram infectadas. Basta o exame para esclarecer.

Aids em números

ð Mais de 371 mil casos confirmados da doença;

ð Do total de casos confirmados, 118.520 são mulheres;

ð Estimativa de 600 mil pessoas infectadas pelo HIV; ð 13 mil mulheres infectadas pelo HIV dão à luz no Brasil, todos os anos.

ð O vírus HIV pode ser transmitido durante a gravidez, parto ou amamentação. Cerca de 50% a 70% das transmissões acontecem no período próximo ou durante o parto.

ð Nos serviços públicos, estão disponíveis gratuitamente os testes para detectar o vírus e os medicamentos necessários ao tratamento com antiretrovirais (ARVs). Fonte: Ministério da Saúde / http://www.aids.gov.br

* É infectologista e mestre em Virologia pelo Imperial College of London-Inglaterra.

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


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