De um lado, redução de honorários, finanças comprometidas e aumento do nível de estresse. De outro, fortalecimento da confiança e da credibilidade com pacientes e familiares, além do reforço do compromisso com a medicina e com a saúde da população. Esses são alguns dos reflexos da pandemia de covid-19 sobre a rotina dos médicos que atuam na linha de frente, demonstrados em pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Medicina.
Para 96% dos médicos, a pandemia causou impactos que abrangem desde o comprometimento das horas dedicadas à família e ao lazer até a rotina nos consultórios e ambulatórios. Participantes da pesquisa relataram significativa redução no número de atendimentos diários, seja no setor público (37,9%) ou no setor privado (42,8%).
Para cerca de 15% dos que trabalham com mais frequência na rede pública e 11,2% na privada, por outro lado, a percepção foi de aumento no número de pacientes atendidos. Menos de 5% dos entrevistados, independentemente da natureza de suas instituições, disseram que não houve aumento nem queda nos atendimentos ou não souberam avaliar essa questão.
Também foi apontada pelos médicos a perda de vínculos no período da pandemia. Entre os que atuam a maior parte do tempo na rede privada, 11,8% tiveram essa percepção. No setor público o percentual é ligeiramente menor: 10,4%. Outros ainda relatam que foi necessário fechar consultório ou demitir funcionários, realidade observada por 14,2% dos entrevistados do setor privado e 10% dos que atuam no Sistema Único de Saúde.
Para alguns, no entanto, a pandemia abriu espaço para oportunidades e novos vínculos de trabalho: 11,4% dos entrevistados da rede privada e 15,2% da rede pública compartilham dessa perspectiva. Apenas 3% declararam não ter observado qualquer impacto, e 1% não soube avaliar ou disse se sentir indiferente às mudanças em seu local de trabalho.
Saúde do médico – O aumento do nível de estresse foi relatado como principal impacto da pandemia por 22,9% dos entrevistados.
Além de transformar os locais de trabalho, a pandemia também alcançou os lares e a saúde mental dos médicos, o que demandou de alguns a busca por mais capacitação e qualificação (14,5%); gerou sensação de medo ou pânico (14,6%); alterou o tempo dedicado a refeições, família e lazer (14,5%); comprometeu as horas de descanso e qualidade do sono (7,6%); entre outros fatores.
Para alguns médicos, o novo cenário também reforçou o compromisso com a medicina e com a saúde da população (13%).