Escrito por Abdon Murad*
Quase 13.000 leitos hospitalares destinados ao SUS foram desativados no Brasil de 2010 a 2013. Esta é uma das facetas cruéis da atual situação da saúde pública brasileira, porque esses leitos fazem significativa falta à sociedade brasileira, sofrida e carente, que só tem o SUS como “plano” de saúde, ficando essas pessoas em filas cruéis para internações visando tratamento clínico ou cirúrgico, muitas morrendo nessas esperas ou piorando o seu sofrimento ao extremo. As especialidades que mais leitos de internação perderam foram: psiquiatria, pediatria, obstetrícia e cirurgia geral.
Esta realidade vivida tem vários culpados e, desses, o maior é o Governo Federal que há 12 anos não dá o urgente e necessário reajuste na vergonhosa tabela de remuneração dos procedimentos médicos e hospitalares pelo SUS, apesar da cobrança interminável da Frente Parlamentar da Saúde no Congresso Nacional e dos hospitais filantrópicos brasileiros, representados na grande maioria pelas Santas Casas que, juntas, acumulam dívidas no valor de R$14 bilhões praticamente impagáveis com o insignificante pagamento que recebem do SUS.
Para que não haja dúvidas sobre o que escrevo, cito alguns valores “pagos” pelo SUS a médicos e hospitais por serviços prestados: Colecistectomia (retirada da vesícula biliar): o hospital receberá no prazo mínimo de três meses após a cirurgia, o valor de R$447,16, para que sejam pagos água, luz, telefone, enfermeiros, técnicos de enfermagem, pessoal de limpeza, segurança e portaria, funcionários burocráticos, papel, material de limpeza, FGTS, INSS, taxa de lixo e valores pagos por lixo biológico que é por quilo, costureiras, lavadeiras, farmacêutico, copeiras, cozinheiras, nutricionistas, eletricistas, bombeiro hidráulico, engenheiro, assistentes sociais, telefonistas, motoristas, curativos, medicamentos, combustíveis etc. etc., além de fornecer aos pacientes: desjejum, lanche, almoço, lanche, jantar, ceia, ufa! Para o médico cirurgião, para seu auxiliar médico e também para o anestesista, a miserável e vergonhosa tabela do SUS paga, para os três, também em um prazo mínimo de três meses depois, o valor de R$248,61. Parece mentira, mas, é verdade incontestável.
Herniorrafia Umbilical: valor pago ao hospital: R$298,00. Valor pago para os três médicos responsáveis pela realização da cirurgia: R$136,00.
Herniorrafia Umbilical: valor pago ao hospital: R$298,00. Valor pago para os três médicos responsáveis pela realização da cirurgia: R$136,00.
Histerectomia Total (retirada do útero): o hospital receberá a quantia de R$412,32. Aos três médicos, o SUS, através de sua tabela, pagará R$221,71.
Postectomia: (cura de fimose): o hospital receberá, com direito a atraso, R$97,72 e os médicos receberão R$ 121,40.
Perineoplastia: valor pago ao hospital: R$ 298,12. Aos três médicos: R$174,31.
Herniorrafia Inguinal: valor pago ao hospital: R$ 298,55. Para os três médicos: R$146,51.
Parto Normal: ao hospital: R$ 267,60. Ao médico: R$ 175.
Para fazer o tratamento de um paciente com pneumonia, o hospital receberá o valor de R$ 504, 07. Já o médico que for tratar esse enfermo receberá, pelos quatro dias de visitas diárias, a insignificância total de R$ 78, 00.
Pelo tratamento de um paciente com infecção intestinal, o hospital receberá R$285,40 e o médico R$ 39, 50, por quatro dias de dedicação ao ser que estiver doente.
Tudo Isto é uma verdadeira afronta aos médicos que prestam serviços ao SUS, à medicina, porque é banalizada pelo Governo Federal e aos pacientes, que são tratados como gente de menor importância.
Ao invés de resolver a deficiente oferta de leitos hospitalares para a Saúde Pública que seguramente é ocasionada por hospitais particulares ligados ao SUS que fecharam suas portas por não conseguirem pagar o que é necessário para tratar pessoas, o Governo Federal está importando ilegalmente médicos escravos de Cuba para que no Brasil prestem serviços sem serem previamente avaliados, submetendo-se ao Revalida, procedimento necessário para que sejam desenhados os seus perfis científicos e para que possam ou não atender nosso povo.
Ao invés de resolver a deficiente oferta de leitos hospitalares para a Saúde Pública que seguramente é ocasionada por hospitais particulares ligados ao SUS que fecharam suas portas por não conseguirem pagar o que é necessário para tratar pessoas, o Governo Federal está importando ilegalmente médicos escravos de Cuba para que no Brasil prestem serviços sem serem previamente avaliados, submetendo-se ao Revalida, procedimento necessário para que sejam desenhados os seus perfis científicos e para que possam ou não atender nosso povo.
* É presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Maranhão (CRM-MA)
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