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Escrito por Francisco Orniudo Fernandes*

Sempre que acontece uma epidemia, há propagação também de pânico na população, gerado pela falta de conhecimentos sobre a nova doença, a indisponibilidade de um tratamento eficaz, ou de proteção através das vacinas. O medo maior é, sobretudo, da morte, que no início ocorre com rapidez e com números assustadores.

Epidemias e pandemias nunca deixarão de existir.

Paracelso há alguns séculos afirmara: “O certo é que, no mesmo lugar da terra onde existe um veneno mortal, existe um contraveneno exato; e que, do mesmo modo que as doenças são geradas, a saúde também é produzida”.

A epidemia da gripe H1N1, assim como as demais que aconteceram na história da humanidade, vai terminar quando a população adquirir imunidade, porque teve a doença, ou com a aplicação da vacina específica, tornando-se posteriormente, uma gripe sazonal, como a gripe comum.

É possível que tenhamos uma diminuição progressiva dos casos, nos próximos meses, com a chegada do verão, o vento forte que sopra em nossa região e os raios do sol servirão para trazer alegria com a diminuição das doenças infecciosas respiratórias.

Eu acredito que as medidas básicas de higiene, tais como: lavar as mãos e a utilização de lenços descartáveis, evitar aglomerações, amplamente propagadas pelos meios de divulgação, traga o benefício para a contensão da pandemia, e, quem sabe, se essas orientações permanecerem como educação continuada, no futuro irão contribuir para a diminuição dos índices de infecção hospitalar.

A mídia exerce um papel fundamental quando focaliza para a comunidade os aspectos educativos estabelecidos pelos órgãos públicos de saúde. As notícias quando são excessivas, agressivas, com enfoques negativos, sobretudo, projetando a progressão da doença e números de óbitos, pode contribuir para o pânico generalizado.

O Ministério da Saúde tem toda responsabilidade de informar adequadamente sobre a evolução da doença no País, as medidas que precisam ser adotadas ou modificadas, as descobertas recentes, inclusive, a perspectiva de uma nova vacina.

Infelizmente as autoridades brasileiras alertam para as práticas de higiene e civilidade, nas ocorrências de surtos ou epidemias, quando deveria ser instituído um programa de educação permanente, nas escolas, colégios, universidades, hospitais e todas as instituições nacionais de saúde

Compete também ao Governo, adotar medidas enérgicas com aplicação de multas, para impedir a exploração das firmas comerciais, supermercados, laboratórios, distribuidoras de medicamentos ou farmácias, que se aproveitam da situação de pânico da população, para aumentar o preço de materiais ou substâncias utilizadas para a higiene e prevenção, tais como, máscara, lenços descartáveis e álcool. Como exemplo, em menos de dois meses, do aumento do número de casos, a máscara N95 que tem a sua utilização restrita aos profissionais de saúde, que lidam diretamente com os doentes da H1N1, custava R$ 3,00, já está sendo vendida pelo preço de R$ 15,00 . O álcool-gel que era pouco consumido está faltando nos estabelecimentos comerciais, e quando se encontra o preço está nas alturas.

Há pessoas que arbitrariamente estão comprando (no mercado paralelo) e se automedicando com o oseltamivir, sem nenhum critério, sem prescrição médica e sem garantia quanto a sua confiabilidade. Registro de reações colaterais e resistência viral são relatados na literatura mundial. Em todas as epidemias há os verdadeiros beneficiados, os doentes que se submetem ao tratamento e ficam curados, os que se protegem com a aplicação da vacina, e, os que ganham dinheiro à custa da exploração do povo apavorado. Toda pandemia tem começo e fim.

* É médico.

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


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