Escrito por Sônia Loduca Lima*
Diferente do que muitas pessoas imaginam a artrite reumatóide não é uma doença que atinge apenas pessoas em idade avançada. As mulheres entre 30 e 50 anos são as grandes vítimas do problema, que acomete principalmente as articulações e provoca dor intensa e impossibilidade de realizar alguns movimentos. Os sintomas impactam negativamente na qualidade de vida dos pacientes e por isso é necessário que ao surgirem os primeiros sinais, como dor nas juntas, em especial das mãos e pés, um reumatologista seja procurado.
A principal característica da artrite reumatóide é a inflamação nas articulações, que geralmente ocorre de modo simétrico, ou seja, envolve a articulação do lado direito e esquerdo. Como a doença é sistêmica, outros órgãos como olhos, coração e pulmões podem ser acometidos. Fadiga inexplicável e rigidez após períodos de inatividade, principalmente pela manhã, são também sintomas que fazem parte do quadro clínico da artrite reumatóide. Alguns pacientes podem apresentar pequenas nodulações embaixo da pele, principalmente próximo aos cotovelos, que são os chamados nódulos reumatóides.
Para fazer o diagnóstico de AR é necessário analisar a história clínica do paciente, proceder ao exame físico de todas as articulações e solicitar análise laboratorial e radiografias das áreas acometidas. Os exames de sangue auxiliam na avaliação do processo inflamatório através de testes como a velocidade de hemossedimentação (VHS) e a proteína C reativa (PCR). Algumas análises podem evidenciar a presença de auto-anticorpos como o fator reumatóide e o anti-CCP. Já as radiografias podem auxiliar na detecção de alterações ósseas e alguns métodos de imagem, como o ultrassom e a ressonância magnética, são utilizados para detectar alterações articulares que surgem precocemente no curso da doença.
Apesar de inúmeras pesquisas, ainda não descobrimos qual o estímulo que desencadeia a artrite reumatóide. Sabemos apenas que ocorre uma resposta anormal do sistema imunológico, que passa a atacar as articulações, causando a dor e o inchaço.
Cerca de 21 milhões de pessoas no mundo sofrem de AR. No Brasil, estima-se que 1,5 milhão de pessoas sejam acometidas pela doença. Apesar de não ter cura, a eficiência das novas terapias têm cooperado para um melhor controle. Na última década, medicamentos biológicos (feitos a partir de biotecnologia) trouxeram uma nova abordagem terapêutica para aqueles pacientes que não obtiveram uma boa resposta aos tratamentos tradicionais. A boa notícia para os portadores do problema é que, com esses novos medicamentos, é possível ter melhor qualidade de vida e uma rotina mais próxima a que se tinham antes da doença.
* É reumatologista do Hospital Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE) e professora de reumatologia da Faculdade de Medicina ABC (SP).
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