Rogério Wolf de Aguiar*
Médicos vítimas de violência verbal e física, emergências permanentemente superlotadas, unidades de saúde sucateadas, falta de medicamentos, pacientes desesperados, hospitais fechando leitos e – a cereja do bolo da indiferença – o governo reduzindo ainda mais os já minguados recursos da saúde pública brasileira: é nesse contexto desolador que o trabalho médico tem se desenvolvido nos últimos anos, e não há sinais de melhoria. Ao contrário, a tendência é que os problemas se agravem ainda mais, o que, certamente, irá refletir naquele que está na linha de frente do sistema: o médico, e, finalmente, naquele que busca atendimento, o paciente.
Na verdade, pacientes e médicos – além dos demais profissionais da saúde que atuam no sistema público – já estão sofrendo as consequências da crise econômica que assola o país. Além das condições precárias de trabalho, ocorrem sucessivos atrasos na remuneração e até demissões. Isso resulta, claro, no atendimento capenga à população, em especial a que depende do SUS, ou seja, cerca de 150 milhões de pessoas.
O problema atinge também os beneficiários de planos de saúde privados, que hoje enfrentam filas e se mostram igualmente insatisfeitos, conforme destaca pesquisa recente encomendada pelo Conselho Federal de Medicina.
Em meio a esse caos que tem origem no subfinanciamento, na má gestão e na corrupção, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grade do Sul (Cremers), ao lado do Conselho Federal de Medicina (CFM) e das demais entidades médicas – sem o poder para tomada de decisões –, busca fazer sua parte para atenuar os efeitos de uma crise que se revela cada vez mais preocupante e assustadora.
Entre as vitórias que merecem ser comemoradas, está a manutenção do termo “médico” nos diplomas, em decisão histórica da Câmara Federal, restando agora o aval do Senado. Como se sabe, os portadores de diplomas com a inscrição “bacharel em medicina” enfrentam dificuldades para realizar intercâmbio no exterior.
No Rio Grande do Sul, o Cremers, além de sempre defender a dignidade do trabalho médico – o que traz inquestionáveis reflexos positivos na assistência de saúde –, tem participado de ações que visam ao bem da sociedade em geral.
É o caso da operação “Verão com saúde”, lançada com o objetivo de orientar a população para os cuidados que devem ser tomados para reduzir o risco de doenças – em especial às causadas pelo Aedes aegypti – ou acidentes durante o veraneio. Está é uma ação que busca o bem geral, com inegáveis benefícios à sociedade, uma iniciativa que contribui para desafogar as unidades de saúde, permitindo um atendimento mais qualificado aos pacientes e melhores condições de trabalho aos médicos.
O Cremers se mantém firme na defesa do exercício ético da medicina, cobrando mais investimento e seriedade nas questões da saúde, mas ao mesmo tempo se mostra aberto ao diálogo e disposto a participar de projetos propositivos que possam fazer frente aos desafios atuais e aos que ainda irão surgir.
*Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grade do Sul (Cremers).
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