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Conselho Federal de Medicina

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Resumo da palestra de José Leite Saraiva* no CFM, em 07/02/2012.

 

A Federação Brasileira de Academias de Medicina, identificada pela sigla FBAM, fundada em nove de maio de 1986, é uma entidade civil de direito privado, sem fins econômicos, de duração indeterminada, com foro em todo o território nacional e sede administrativa permanente em Brasília, Distrito Federal. É regida de acordo com a legislação vigente, pelo seu Estatuto e Regimento.

Dentre os seus 10 (dez) itens de suas finalidades, destacamos:

·         congregar as Academias Estaduais de Medicina existentes e as que vierem a ser criadas;

·         contribuir para a avaliação e promoção da qualidade do ensino médico;

·         promover atividades com fins educativos, culturais, históricos, científicos e de pesquisa, que se relacionem direta ou indiretamente com a medicina;

·         interagir com o Conselho Federal de Medicina na preservação de valores indissociáveis

·         da ética e da bioética médicas e humanismo.

Neste contexto das finalidades, também merecem atenção os problemas do ensino médico, o ato médico, a relação médico paciente e os estágios em que se encontram a pesquisa médica científica e as políticas públicas de saúde nos níveis nacional, estadual e municipal;. Todos esses e outros problemas relacionados à medicina, são debatidos nas realizações dos conclaves brasileiros bienais da entidade e nos encontros das federadas em âmbito estadual ou regional.

O  papel da FBAM se confunde, em tese, com o papel das academias, cabendo, porém, àquela, não somente a congregação destas, mas também e essencialmente, a responsabilidade pela defesa de seus projetos, sejam eles culturais, educacionais, históricos, políticos, sociais ou qualquer outro que diga respeito à medicina. É da FBAM, entidade representativa das demais academias de medicina, a missão de fazer ser ouvida, junto às entidades congêneres, a posição de suas filiadas em relação aos assuntos acima citados. Nas academias vamos encontrar especialistas com conhecimento teórico e experiência vivida em todas as áreas das atividades médicas.

Somos possuidores de todo e qualquer tipo de titulação: somos ou fomos docentes, secretários de saúde estaduais e municipais, diretores de hospitais públicos, universitários ou privados, pesquisadores, historiadores, escritores, poetas, além de exercermos nossas próprias atividades profissionais. É esse capital intelectual que não devemos  nem podemos desprezar.

A dignidade cultural de uma academia, não está apenas no a ela pertencer, mas na forma como se honra, se dignifica e se exibe esse merecimento. Na palavra tradição reside o oculto. Os adversários da instituição acadêmica acusam-na de tradicionalismo, no sentido pejorativo de ser conservadora, de se recusar ao experimento e ao novo. A Academia não é, nem poderia ser contrária ao que é novo. Não é atribuição sua defender indiscriminadamente, sem critérios valorativos, tudo o que se abriga sob o rótulo de tradição. Compete a ela, isto sim, preservar a integridade científica e o patrimônio cultural e histórico nacionais das invasões predatórias de vândalos e pseudovanguardas irresponsáveis.

Em verdade, manter ativa e jovem uma instituição como a FBAM exige torná-la um centro intelectual de sistematização e divulgação da cultura médica brasileira. Torná-la um ponto de encontro entre a coletividade de trabalho médico e a universidade. Dar-lhe um compromisso social, não o populista e degenerado, mas o contido nas finalidades da instituição. A ciência, a ética, a cultura, a aplicação profissional, a produção intelectual são os verdadeiros pilares de sustentação da Academia e se refletem diretamente na comunidade, estabelecendo um elo de compromisso social. A postura acadêmica, que inclui normas de procedimento e disciplina, não é, de forma alguma, incompatível com o chamamento da categoria médica a interessar-se pelo trabalho da academia. Pelo contrário, é o elemento que a fortalece e a torna digna de respeito.

Ser acadêmico, meus caros colegas, não deve ser visto pela classe médica como privilégio de alguns, nem ser considerado uma honraria, pela sociedade. Os detentores de tal condição, embora homenageados pelos seus pares, sabem que muito mais que privilégio ou honraria, têm a responsabilidade de cumprir um dever a mais na sociedade. Nesse ponto está o fulcro da questão para se entender o que é ser acadêmico, dever suplementar cobrado pelo mais rigoroso sistema de controle – nossa própria consciência.

A homenagem deve ser conferida não como um reconhecimento da classe médica pelo que o acadêmico já fez, mas pelo potencial, já evidenciado, do que ele poderá fazer. Na verdade, um acadêmico não deve ser cobrado – ele próprio sente ou deve sentir, espontaneamente, o impulso de contribuir com seu trabalho, sua sabedoria e seu prestígio para a continuidade e assim merecer o título de acadêmico. Esse exercício de autocrítica deve ser permanente em todos acadêmicos. Cada um deve procurar descobrir em si próprio, em seus pendores, como participar individualmente ou de maneira coletiva para desempenhar sua missão acadêmica. A característica fundamental que marca o acadêmico é seu elevado espírito público – cada um vendo e sentindo a seu modo.

É preciso ser acadêmico e não estar acadêmico!

Ao finalizarmos, vimos à presença das Senhoras e Senhores Conselheiros,solicitar que ajudem estabelecer uma interação participativa entre as entidades estaduais: Conselho Regional de Medicina, Sindicato dos Médicos, Federação Nacional dos Médicos – Regional, Associação Médica e a Academia de Medicina, visando a defesa dos interesses da medicina: da ética, da ciência e tecnologia, da educação, da cultura, da história, da defesa do médico e do social, como vem ocorrendo com as entidade médica nacional: CFM, AMB, FENAM e FBAM.


*José Leite Saraiva é presidente da Federação Brasileira de Academias de Medicina (FBAM). 


* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


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