Escrito por Roberto Luiz d´Avila*
Em 2010, há 14.774 candidatos considerados aptos pela Justiça Eleitoral para correr atrás de seu voto. Desse total, 481 se declararam médicos, ou seja, 3,25%. Há também 1.294 empresários, 953 advogados, 761 comerciantes, 312 administradores e 94 policiais civis numa plêiade que inclui centenas de outras ocupações.
Cerca de 60% possuem nível superior; 32,91% têm o ensino médio; 11,13%, o ensino fundamental e 0,6% informaram ser analfabetos ou saberem apenas ler e escrever. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que 20,45% dos postulantes são mulheres e 12,6% deles apresentam idades na faixa de 18 a 34 anos. O restante se divide em grupos de 35 a 44 anos (26,9% dos candidatos), de 45 a 59 anos (47,4%), de 60 a 69 anos (10,2%) e 70 ou mais anos (2,66%). É desse universo que sairão nossos próximos governantes e representantes políticos.
É chegada a hora de fazermos nossa reflexão final e nos prepararmos para exercer nossa cidadania e direitos políticos. O voto não é apenas exigência burocrática. Trata-se de um direito constitucional que permite interferir – por meio dos representantes eleitos – em temas com impacto direto sobre a vida da população.
Nascemos num Estado democrático, portanto não devemos deixar que outros decidam por nós. Nossas opiniões precisam ser respeitadas no jogo político, contribuindo para o fortalecimento e a consolidação da democracia. Com um simples gesto valorizaremos nossa história.
A primeira eleição em território brasileiro aconteceu em 1532, na vila de São Vicente, sede da capitania de mesmo nome, para a escolha de seu conselho administrativo. Quase cinco séculos nos separam deste fato. Hoje, somos cerca de 125 milhões de eleitores, prontos para expressar nossa opinião, a qual repercutirá na vida do país pelos próximos quatro anos.
Em 7 de junho passado, a Lei Complementar 135/10 – conhecida como Ficha Limpa –, introduziu novo ingrediente ao cenário eleitoral. Alguns classificaram sua aprovação como um marco histórico. A regra, que trata da proibição de candidaturas de pessoas com pendências judiciais, chegou embalada por mais de 1,6 milhões de assinaturas ao Congresso.
Sua implementação jogou luz sobre a importância da ética e da cidadania. Por um lado, temos a ética, que deve ser a bússola no trabalho realizado pelos que assumem funções públicas; por outro, a cidadania, que deve ser exercida por cada um de nós, no momento da escolha de nossos representantes.
Nós, médicos, devemos pesar em nossa decisão o comprometimento dos nossos escolhidos com as causas da medicina e da saúde. É importante construirmos no Congresso e nas assembleias, bancadas implicadas com projetos e propostas de valorização da assistência e dos profissionais com ela envolvidos.
Certamente, os candidatos que comungam de nossos princípios e valores e conhecem a fundo a nossa missão possuem condições de nos representar dignamente. Ao exercermos nosso direito, que o façamos comprometidos com um Brasil melhor. Nosso voto fará a diferença! Boa escolha a todos.
* É presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM).
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