CRM Virtual

Conselho Federal de Medicina

Acesse agora

Escrito por Sidnei Ferreira*

 

A Lei que criou o Programa Mais Médicos está completando dois anos. Devemos comemorar? É certo que não, mas a propaganda governamental continua intensa e a destoar da realidade.

O problema da saúde pública seria falta de médicos nas regiões longínquas e a solução a vinda de médicos estrangeiros; essa estratégia mostrou-se inútil. Cidades como Rio de Janeiro, Florianópolis, São Paulo e Curitiba, por exemplo, foram aquinhoadas com significativo número de médicos do programa, a pedido de Prefeitos, com um olho nas eleições e o outro no dinheiro que economizariam demitindo médicos brasileiros.
Fiscalizações do Cremerj assim como de outros CRMs, constataram que não havia supervisão ou tutoria, com intercambista atendendo sozinho e com dificuldade de se comunicarem em nosso idioma, colocando em risco a saúde da população. Comprovamos, também, a substituição de médicos brasileiros por estrangeiros.

Auditoria do TCU em 2015 constatou o mesmo, além do despreparo dos portadores de diplomas de medicina obtidos no exterior para atender a população, impacto limitado e negativo do Programa, queda do total de médicos em 49% nos primeiros municípios inseridos e número de consultas reduzido em outros 25%.

O CFM entende que para combater medidas equivocadas e possíveis patranhas do gestor, é preciso pesquisar, ter conhecimento das informações disponíveis, separar os dados que são confiáveis, avaliar a significância estatística, obter os resultados, fazer análise isenta e, constatada a segurança dos conhecimentos adquiridos,  divulga-los amplamente e propor discussão, estratégias e soluções.

Com a credibilidade alcançada, tem sido possível obter apoio dos meios de comunicação e da sociedade na luta para tornar digno, eficaz e compatível com o tamanho da responsabilidade, o atendimento à população do nosso pais.

Foi assim com a pesquisa e publicação da Demografia Médica. Tem sido assim com o novo sistema de fiscalização que integra os Conselhos Regionais de Medicina a um sistema nacional em tempo real, sendo possível obter elementos fidedignosdas unidades de saúde em qualquer estado ou região.

Há alguns meses divulgamos resultados sobre unidades que compõem a rede básica de saúde e de pronto atendimento, tendo sido apresentados em rede nacional de televisão, possibilitando a abertura de novas ações com ajuda do Ministério Público, da população e da mídia, envolvendo entidades e sociedade civil, reabrindo a discussão pública e obrigando os gestores a darem explicações.

A abertura indiscriminada de escolas médicas como estratégia para suprir a “falta de médicos”, é equivocada. O que pode fixar o médico em determinada região é a residência médica e, após seu término, vinculo estável através de concurso público, carreira de estado, boas condições de trabalho, unidades de saúde em condições adequadas de funcionamento e salário digno dos conhecimentos e responsabilidades do médico.

De Dom João VI ao início do governo Fernando Henrique, foram abertas 82 faculdades de medicina. No período tucano foram 44 e no período Lula 50, somando 94 novas escolas em 16 anos. O governo Dilma, em menos de cinco anos, abriu 80, praticamente todas privadas. Temos hoje 257 escolas médicas. A meta seria 300. Serão formados cerca 30 mil médicos por ano no Brasil.

Repetindo o projeto mais médicos, faculdades novas privadas estão sendo abertas no Rio de Janeiro, em São Paulo, entre outras “cidades longínquas”. Com isso, a região Norte, mais necessitada de médicos, conta com 22 escolas e o sudeste com 107, incoerente com o que o governo prega.

O “equipamento”, unidades de rede básica e hospitais, segundo a lei, será obrigatoriamente cedido pela Prefeitura às novas escolas. Todos sabem como estão esses “equipamentos” Brasil afora. A impressão que se tem é que pior não pode ficar. Além disso, onde estão os professores, preceptores, tutores e supervisores? Como conseguir tantos e com a qualidade necessária? O mesmo raciocínio vai para a Residência Médica.

O governo abre faculdades de medicina e fecha leitos; mais de 13 mil nos últimos anos. Além disso,  vem diminuindo em bilhões o financiamento da saúde.
Seguindo objetivos já citados, o CFM inaugurou no site o espaço Radiografia das Escolas Médicas do Brasil, onde é possível analisar os dados pesquisando por estado, por região ou nacionalmente, por leitos disponíveis, unidades de saúde, entre outras variáveis.

O mal está feito e se não conseguirmos parar imediatamente a abertura das escolas, o mal será irreversível, com formação médica sem qualidade, o que é inaceitável.

 

* É conselheiro federal representante do Estado do Rio de Janeiro e membro do Conselho Regional Cremerj.

 
    

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).

 

 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.

 

* Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.
Кракен даркнет namoro no brasil pinup mostbet apk winzada 777 tiger fortune Fortune Tiger Fortune Tiger Plinko Кракен зеркалокракен ссылка Os melhores cassinos online em melhoresportugalcasinos.com! Bonus exclusivos e avaliacoes e analises de especialistas sobre os novos e melhores cassinos online no Brasil e em Portugal!
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.