Escrito por José Andersen Cavalcanti – Médico perito federal e estadual
Com a proximidade das eleições em Porto Alegre, um assunto parece não ter sido tocado, pelo menos, explicitamente. Até manifestações na imprensa já tivemos sobre o exagerado número de faltas ao serviço dos nossos colegas nas prefeituras municipais chegando à conclusão que o absenteísmo é maior entre os servidores públicos e, principalmente, por falta de um efetivo controle.
Acontece que isso não corresponde à realidade de quem conhece o dia a dia desses mesmos servidores públicos. Com as mudanças propostas pela última Constituição, as prefeituras poderiam ter sua Seguridade Social organizada e financiada por elas mesmas com a participação dos servidores e foi dado um prazo para isso, prazo esse que não foi cumprido, bem como o restante do que deveria acompanhar essa mesma Seguridade Social própria , como assistência médica e meios de recuperação aos que tiveram lesões relacionadas ao serviço .
Os servidores, ao ficarem doentes, e realmente ficam mais doentes porque nunca, nunca mesmo tiveram o amparo nas medidas preventivas ou de proteção à saúde que os celetistas sempre tiveram, são periciados muitas vezes por serviços muito mais voltados aos interesses exclusivos da Administração do que à procura por uma real solução que leve em consideração os danos sofridos pelo servidor ao longo dos anos de descaso.
A rotina desses periciados é muito parecida nas Prefeituras em geral: consulta-se onde der, normalmente num plantão ou emergência ( que para isso não foi criada ) , com exames solicitados que não terá onde fazê-los , como a grande maioria da população, apesar de que , no seu regime próprio de Seguridade Social estar prevista a assistência médica ( para a qual ele também contribui ) e a realização desses exames que em muito ajudariam ao Perito no esclarecimento e o porque da ausência daquele servidor ao trabalho.
E o ciclo se repete, a consulta no lugar errado, a não realização dos exames diagnósticos solicitados, a ausência do tratamento e por fim, a ausência ao serviço. Some-se a isso as baixas condições sociais e é claro que teremos um número maior de afastamentos e de afastamentos pela falta de diagnóstico pela falta dos exames que deveriam ser fornecidos ou pela falta de soluções como uma cirurgia ortopédica que provavelmente nunca acontecerá, mesmo que seja evidente sua indicação.
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