Escrito por Marco Antônio Becker*
Criada a universalidade do atendimento à saúde pela Constituição Federal de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) é formado hoje por mais de 6,7 mil hospitais, quase 370 mil leitos e aproximadamente 11 mil postos de saúde. Um aparato gigantesco que se propõe a prestar atendimento integral, um objetivo que sempre esteve longe de ser alcançado.
Nesses 20 anos, o SUS atendeu milhões de pessoas. Muitas vidas foram salvas. Mas a cada ano aumenta o martírio dos usuários, em grande parte gente pobre que não tem acesso a um plano privado de saúde. Na maioria das vezes, o paciente enfrenta um longo calvário até ser atendido por um médico especialista, fazer algum exame ou ser submetido a um procedimento cirúrgico.
Enfim, um sistema perfeito na teoria, mas que na prática se revela insuficiente. O SUS só se mantém graças ao trabalho abnegado de médicos e profissionais da saúde. Um sistema que remunera a consulta médica com valor equivalente ao de um sanduíche de má qualidade e que, muitas vezes, não proporciona as mínimas condições de trabalho aos profissionais. Ao mesmo tempo, hospitais arcam com prejuízos incalculáveis.
Não é o prefeito, nem o governador, nem o ministro, muito menos o presidente da República, que está diante do paciente, mas sim o médico, usado como pára-choque do sistema.
O Brasil é um dos países que menos investem em saúde pública, superado pela maioria dos países latino-americanos. No entanto, a arrecadação da União bate recordes a cada mês.
Na área econômica do governo, a palavra «saúde» é associada a «problema», e não ao entendimento correto de que aplicar dinheiro em saúde não é despesa, e sim investimento. Cada centavo destinado ao setor, em especial a ações preventivas, além de salvar vidas resulta em economia, pois cidadão doente não produz, além de onerar a Previdência Social.
Para evitar que o quadro se agrave, o movimento «Mais Saúde para o SUS» promove no dia 30 de maio, no Largo Glênio Peres, uma grande manifestação em defesa da saúde pública.
É um movimento que reúne toda a sociedade na defesa do SUS que queremos, e não este SUS subfinanciado e precariamente gerido que querem nos impor.
*Marco Antônio Becker é presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers).
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