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A história da ciência no Brasil e a abertura para o conhecimento se deram com a chegada da família real portuguesa, em 1800.
Em 1808, foram abertas as duas primeiras faculdades de medicina no Brasil. Vale lembrar que, no ano de 765, a cidade de Bagdá já havia criado a 1º escola médica do mundo. Enquanto que, nas Américas, a primeira escola médica surgira em São José de Porto Rico, no ano de 1512.
Hoje temos 187 escolas já autorizadas, o que nos dá o majestoso título de vice-campeões mundiais, perdendo para a China. Minas Gerais é vice no Brasil com 30 escolas, atrás apenas de São Paulo, com 34.
Assim como o governo Costa e Silva ampliava vagas nas escolas federais, o atual governo democrático no Brasil não fica atrás e, neste período, foram autorizadas 16 escolas de medicina.
Entre 2000 e agosto de 2011, 77 escolas foram inauguradas, o que significa 42,5% das 185 faculdades de medicina abertas em dois séculos no país. Nessa última década, o número de médicos subiu 21,3% e deverá crescer mais, porque 25 das 77 escolas abertas nesse período ainda não formaram suas turmas. De 2000 a 2011, a população médica geral subiu 12,3%.
Em tempo, o Brasil possui aproximadamente 17 mil vagas em cursos de medicina. Desse montante, de acordo com o censo do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), 45% se concentram no Sudeste – os estados dessa região têm o maior número de médicos por habitante. Do total de vagas disponíveis, 58,7% são oferecidas por instituições privadas e 41,3% por escolas públicas.
Os números apontam ainda que é preciso formar 20 mil médicos/ano, contra os 16 mil atuais, para que seja atingida a cifra de 2,5 médicos/mil habitantes, o que já foi ultrapassado em alguns estados e cidades do país.
No início de 2012, uma comissão de notáveis nomeados pelo próprio Ministério da Educação cortou 247 vagas em cursos de medicina em Minas Gerais por falta de qualidade. Insensível a essa realidade, o Conselho de Educação reabriu as vagas e autorizou ainda a abertura de mais duas faculdades.
Em abril, foi autorizada pelo Conselho Federal de Educação a abertura de duas faculdades de medicina em Minas: em Governador Valadares e Betim. A primeira como campus avançado da UFJF e a segunda sob o patrocínio da PUC Minas.
Que o povo mineiro precisa de médicos, tudo bem. Que os médicos estão mal distribuídos no estado, não há dúvidas. A nossa preocupação é com a qualidade desses médicos. Três faculdades de medicina federais recém-criadas no estado, até hoje, não estabilizaram seu corpo docente e ainda não têm hospital-escola.
Estão brincando de formar médicos. Estão subvalorizando a vida dos mineiros. Estão encobrindo as reais causas pelas quais os médicos não vão para o interior. Formar médicos não é brincadeira de governante, é política de Estado.
É incrível como este governo, que se diz democrático, impõe suas políticas, não investe na saúde e nem propicia condições de trabalho adequadas para os profissionais. Estamos preocupados com a visão superficial do problema e das soluções propostas. Preocupa-nos também as consequências que esses profissionais mal formados irão causar. Para os nossos governantes é fácil: esses só procuram a medicina de ponta dos grandes centros.
A responsabilidade será de quem? Não é das entidades médicas e dos médicos. O Conselho Regional de Medicina, a Associação Médica e o Sindicato dos Médicos não abrem ou fecham escolas de medicina.
Ao Conselho cabe fiscalizar o exercício da profissão e punir o mau profissional que, muitas vezes, é tão vítima do sistema quanto os pacientes que ele deveria assistir de maneira adequada, caso lhe fosse provida a devida formação.
* João Batista Gomes Soares é presidente do Conselho Regional do Estado de Minas Gerais (CRMMG)