Escrito por Salomão Rodrigues Filho*
O atual momento vivido pela classe médica brasileira nos leva a algumas reflexões sobre nossa atuação além do ambiente de trabalho. As recentes decisões governamentais, envolvendo nossa profissão e a saúde pública brasileira, deixaram claro que não basta ao médico exercer bem a medicina, muitas vezes driblando obstáculos e superando grandes desafios decorrentes do descaso do Governo com a saúde. O atual cenário da saúde pública e os novos problemas impostos aos médicos nos mostram que precisamos adotar uma nova postura para enfrentar as adversidades.
Em julho, fomos às ruas no País inteiro. Mostramos nossas reivindicações, denunciamos a precariedade da saúde pública, a necessidade da regulamentação do exercício da medicina, a ameaça representada pela importação irregular de médicos formados no exterior e cobramos melhorias e mais investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). Simultaneamente, as entidades médicas nacionais também agiram nos campos político e jurídico, buscando assegurar os direitos dos médicos e a boa assistência à população.
Mas, o Governo preferiu ignorar o clamor da classe médica e impor sua vontade a toda a sociedade. Articulações governamentais no Congresso Nacional garantiram a manutenção dos vetos ao Ato Médico e o autoritarismo do Ministério da Saúde está assegurando o ingresso irregular no SUS de médicos estrangeiros ou de brasileiros formados no exterior.
Não devemos tomar esses acontecimentos como derrotas, mas como aprendizado e incentivo para continuarmos defendendo o direito de exercermos a medicina com ética e qualidade e de prestarmos uma assistência digna aos brasileiros que confiam na classe médica. Uma das lições que podemos tirar destes episódios é que precisamos intensificar nossa atuação política. Como cidadãos e eleitores, devemos trabalhar para eleger candidatos comprometidos com a classe médica e com a saúde de qualidade. Além disso, devemos aproveitar nosso contato diário com a população para esclarecer que não é o médico o culpado pelo caos instalado na assistência pública de saúde. Esta culpa é do governo federal.
Devemos conscientizar nossos pacientes e seus familiares sobre quem são os políticos verdadeiramente preocupados e comprometidos com a saúde e quem são aqueles que usam do SUS em benefício próprio e para atender a interesses outros. Mais ainda, é importante também termos médicos ocupando cadeiras nas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas, Congresso Nacional e nas três esferas do Poder Executivo. Por isso, os médicos dispostos a participar das próximas eleições em 2014 devem ficar atentos aos prazos para filiação partidária (até dia 05/10/2013) e também às datas das convenções.
As entidades médicas estão prontas para apoiar os médicos candidatos com propostas a favor da saúde e da classe médica. Por isso, conclamamos os colegas a refletirem sobre a necessidade de ampliarmos nossa participação política e que os interessados em se candidatar entrem em contato com as entidades médicas de seu estado. Essa mudança de postura é essencial para que saiamos vitoriosos em futuros embates com o Governo.
* É presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego).
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