É típico da cultura brasileira a cobrança ou exaltação da atenção, manifesta na expressão: “Sabe com quem está falando?”. Nesse espaço cabem três personalidades diferentes. As pessoas realmente importantes, aquelas que foram importantes, elite sem poder e as que parecem ser – os oportunistas. A propósito, em viagem recente, duas mulheres viajavam em poltronas vizinhas e conversavam entusiasmadamente sobre novela televisiva, cujo título era CELEBRIDADE. Os personagens e suas atitudes eram discutidos como se fossem da vida real, recebendo censuras ou elogios. Imaginei então o peso da imagem televisiva e sua influência na maneira de pensar e agir das pessoas, nos comportamentos, na própria educação. Antigamente, quando uma pessoa era “celebridade”, tratávamo-na como detentora de fama, destaque, prestígio, realce, personalidade. A idéia limitava-se a distinguir méritos efetivos. Hoje, sem escrúpulos, já se define como “o resultado máximo que se consiga, numa sociedade que faz da competição uma vida de fetiche, onde não importa ser o melhor, mas parecer ser e ganhar”. Para vencer, alguém precisa ser, se mostrar, demonstrar, fazer com que o reconhecimento resida na exibição, na comprovação. O célebre de fato, muitas vezes, é meio chato. Não devia, até pela superioridade que detém. O falso célebre, esse é intolerável. Mente, engana, falseia, tira proveito. Vez por outra é pilhado, o que o afeta muito pouco, pois sua personalidade não alberga meios e sim objetivos. Para ele não importa ser ou ter sido. O relevante é ter visibilidade. Celebridade inclusive cobra certo grau de mundanidade, submissão às opiniões e avaliações, bem como idolatria a si próprio pelos outros. Por fim, o ex-célebre. Esses são difíceis de relacionamento. O reinado se foi, a majestade, não. Não abre mão da referência, nem da celebração. Há quem chame de “elite sem poder”. Duro final. Certo fica não haver regra para a celebridade. Ser célebre não é fácil. Precisa do reconhecimento e este se estende da verdade à mentira.
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