Escrito por Desiré Carlos Callegari*
A vida é uma sucessão de ciclos. Quando termina um, se inicia outro. O segredo de passar bem por todos é ter em mente que os futuros acertos ou erros serão resultado daquilo que vivenciamos e aprendemos. Esse é o aprendizado maior, do qual não podemos abrir mão.
Como conselheiro do CFM, vejo o fim de uma etapa importante de minha vida e do meu grande parceiro Françoso, no próximo dia 30 de setembro. Na gestão 2009 – 2014, foram 60 meses intensos, durante os quais pudemos conviver com pessoas brilhantes, apoiar o desenvolvimento de estratégias, enfrentar adversários sem baixar a cabeça e, sobretudo, lutar pelo exercício ético da Medicina e pela melhora da qualidade na assistência.
Quando falo em adversários, refiro-me, principalmente, ao Golias da massa governamental, que não teve escrúpulos em atacar nossa categoria em nome de um projeto particular e eleitoreiro. Orgulho-me em dizer que, junto com o sistema conselhal, não esmorecemos jamais e ainda continuamos a nos posicionar de forma crítica e contundente contra os equívocos representados pelo Programa Mais Médicos.
À medida que o tempo passa e os problemas se acumulam, é reconfortante ver mais e mais pessoas compreendendo e sendo solidárias ao posicionamento do CFM e dos CRMs. A categoria nunca foi corporativa. Ao contrário, agiu de forma nobre, em defesa dos princípios e diretrizes constitucionais do Sistema Único de Saúde (SUS), modelo que tem sofrido nas mãos de gestores descomprometidos com a cidadania.
Além desse desafio, que continuará a merecer atenção dos futuros conselheiros – com quem temos absoluta sintonia e aproveitamos esta oportunidade para parabenizar tanto ao Curi como o Rui -, tivemos a oportunidade de ombrear em outras trincheiras. À frente do Setor de Comunicação do CFM, colaborei com o reposicionamento da entidade na cena política, recolocando-a no centro do debate sobre Saúde e Medicina. Ajudei na elaboração de estudos, levantamentos e pesquisas que deixaram a céu aberto a face cruel do SUS, contabilizando a falta de leitos, o uso inadequado de recursos e a má estrutura de atendimento.
Também participamos da luta por uma relação de justiça e equilíbrio no seio da Saúde Suplementar, denunciando abusos de operadoras e a omissão do governo na área. Da mesma forma, fomos firmes na luta contra a proibição da venda de anorexígenos, no apoio à resolução que norteia a disponibilidade obstétrica e no estímulo à implantação do CRM Digital.
Nessa rápida retrospectiva, dei-me conta de que realmente foi um período de grande atividade e de muitos resultados. Tenho certeza de que ainda há muito por vir e, podem estar certos de que, no novo ciclo que iniciamos em nossa vida, manteremos os mesmos compromissos com cada colega, com a Medicina, com a sociedade e com o paciente. Por isso, neste espaço não tem despedidas, eu e o Françoso queremos dizer apenas obrigado e até breve.
* É integrante do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).
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