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Escrito por Jorge Menezes*

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Ao comemorar 40 anos em 2010, a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (International Society of Aesthetic Plastic Surgery – Isaps) publicou pesquisa inovadora, na qual os procedimentos não cirúrgicos superaram os cirúrgicos em 2009. Para se ter uma ideia, nos 25 países pesquisados (aqueles que têm Sociedades de Cirurgia Plástica credenciadas ou entidades equivalentes)  30.817 cirurgiões plásticos realizaram mais de 17 milhões de procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos, sendo que os não cirúrgicos superaram os cirúrgicos em mais de 200 mil procedimentos.

Mesmo não havendo pesquisas anteriores para dados comparativos, a pesquisa do Isaps foi um marco porque reuniu pela primeira vez dados confiáveis sobre cirurgia plástica estética em âmbito internacional e revelou que as pessoas estão optando por procedimentos menos onerosos e menos invasivos, fazendo com que alguns possam ser substituídos e até mesmo adiados pelo paciente por algum tempo, até que a decisão por uma cirurgia plástica estética seja tomada.

Embora essa tendência ainda não tenha chegado ao Brasil, já que conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, foram realizadas no país em 2008 aproximadamente 460 mil procedimentos cirúrgicos estéticos e apenas 14% foram atendimentos não cirúrgicos, é importante lembrar que o país segue tendências mundiais e dentro de algum tempo, certamente, a procura pelos processos não invasivos será maior.

Nos consultórios, os profissionais da especialidade já percebem uma mudança de comportamento dos pacientes quanto à busca por esses processos. Isso, no entanto, não significará menor procura pelo cirurgião plástico, cuja especialidade é demandada também pelos pacientes com necessidade de cirurgias reparadoras, aquelas necessárias para reconstruir uma parte do corpo danificada por doenças congênitas ou não, ou acidentes. A demanda mais importante se dá, sobretudo, por cirurgias plásticas estéticas, muitas delas insubstituíveis e que devem ser realizadas por e apenas cirurgiões plásticos credenciados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Um outro aspecto importante da pesquisa foi o relacionado às tendências geográficas, onde os Estados Unidos continuam dominando a área, mas países nos quais a cirurgia plástica não era significativa passaram a ocupar posição de destaque no ranking das nações onde a especialidade tem os maiores números não só de médicos, como de pacientes e procedimentos. É o caso da China e da Índia, que ocuparam o segundo e o quarto lugares no ranking.  O crescimento da procura desses países emergentes pela especialidade demonstra uma importante popularização da cirurgia plástica, até a um tempo restrita às pessoas de maior poder aquisitivo. Então, aquela paciente que tinha o sonho de diminuir suas marcas e rugas no rosto, ou uma grande vontade de tirar estrias e celulite, por exemplo, passou a poder fazê-lo por que suas condições financeiras assim o permitiram.

É importante lembrar que os procedimentos não cirúrgicos devem ser executados por equipes multidisciplinares compostas por cirurgiões plásticos, dermatologistas e fisioterapeutas. Para isso, no entanto, é necessário que os pacientes procurem as respectivas Sociedades e busquem profissionais qualificados, a fim de se evitar dissabores. O paciente deve ter consciência do que realmente pretende e ser alertado sobre os riscos e benefícios de qualquer procedimento estético, seja ele invasivo ou não.

 

* Jorge Menezes é cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e diretor do Departamento de Defesa Profissional (Depro)  da entidade.



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