Escrito por Vera Lucia Mota da Fonseca, vice-presidente do Cremerj
Outro mal que atinge o universo feminino é a desinformação. É aqui que nós médicos, em especial os ginecologistas e obstetras, entramos em cena. Vivemos num país essencialmente feminino. Há mais mulheres do que homens em 24 dos 27 estados brasileiros, de acordo com o IBGE. Neste cenário, os ginecologistas são essenciais para as políticas de saúde por meio do aconselhamento e da prevenção de doenças.
As sociedades de especialidade e a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) têm se empenhado em prestar serviço à comunidade através de campanhas educativas. Em 2010, por exemplo, a Febrasgo lançou a Carteira de Vacinação da Mulher, um simples calendário que normatiza a ida das mulheres ao ginecologista. Nele, elas encontram informações sobre a importância da vacinação contra doenças que podem facilmente ser prevenidas, como rubéola, hepatite B, HPV, H1N1, além de outras mais raras como a febre amarela.
Outras iniciativas semelhantes serão lançadas em breve. Em 2011, a Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado do Rio de Janeiro (SGORJ) vai incentivar o uso do Cartão da Gestante, prática comum na rede pública, mas pouco usual na rede privada. A ideia de que a gestante precisa ter em mãos um histórico do seu acompanhamento é uma orientação da Comissão de Parto Normal do Conselho Federal de Medicina (CFM), que trabalha em parceria com a Febrasgo e outras instituições médicas pela melhoria da qualidade da assistência obstétrica na saúde suplementar.
Junto com as conquistas femininas chegaram também agruras da vida moderna. Um dado alarmante foi registrado em recente pesquisa do Ibope Mídia: 59% das mulheres afirmaram que só procuram o médico quando sentem que estão realmente doentes.
O vilão da prevenção seria a falta de tempo para conciliar as tarefas de casa e do trabalho. E estes números não refletem apenas a cultura das mulheres que vivem fora dos grandes centros. O instituto de pesquisa ouviu moradoras de nove capitais e algumas cidades do interior.
Diante deste quadro, entendemos que todas as autoridades de saúde não devem medir esforços para promover a saúde da mulher. O governo poderia iniciar este processo com a aprovação da Emenda Constitucional 29 para a melhoria do financiamento da Saúde. Simultaneamente, os médicos seguem em luta incessante pela remuneração justa e pela democratização do conhecimento. A Febrasgo faz seu papel participando de definições de políticas públicas, atuando pela defesa profissional e investindo em educação médica continuada. Um trabalho obstinado de médicos comprometidos com a Saúde.
A autora, vice-presidente do CREMERJ, é também presidente da SGORJ, secretária-adjunta da FEBRASGO e membro da Comissão de Parto Normal do Conselho Federal de Medicina.
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Oito de março não é uma mera data comemorativa. O dia em que o mundo celebra as mulheres é uma grande oportunidade para debatermos publicamente o seu papel na sociedade. É preciso combater os males da trajetória das mulheres como o preconceito, a desvalorização e a violência, mesmo que a vitória e o reconhecimento custem a ser alcançados.