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Conselho Federal de Medicina

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Escrito por Juberty Antonio de Souza*

Atualmente, vemos na mídia notícias alarmantes, por vezes revoltantes, como por exemplo que, em determinado posto de saúde está faltando médicos e remédios. Não raro a frustração e a fúria da população são dirigidas para o profissional médico. Eventualmente, a mídia mostra e propaga os erros médicos, nem sempre fatos condizentes com a realidade. Mas, afinal, quem é este médico? É o mafioso de branco? É o profissional que só visa o lucro, a promoção pessoal e que não expressa nenhuma preocupação com o paciente? A população está à mercê destes criminosos desalmados?

Ao contrário do que muitos pensam, ele é uma pessoa! E como toda pessoa, tem uma história de vida. Desde pequeno já manifesta o desejo de ser médico, ou então é o repositário dos sonhos, fantasias e desejos de familiares que aspiram que ele seja médico. Aí então começa o périplo. Ele abdica de muitas atividades próprias da infância e da adolescência. Desde cedo, se concentra na melhor preparação para o vestibular mais concorrido. Os que são aprovados experenciam longas jornadas de estudo. Adentram à fase adulta sem transição. Formam-se aos 22, 23 anos e ainda têm que buscar uma especialização, que leva de três a cinco anos para ser concluída, para só então começar, efetivamente, a trabalhar.

Neste período exercem atividades médicas, com todas as cobranças e responsabilidades médicas, sendo, porém, reconhecidos como “sub” funcionários, “sub” médicos, atuando em “sub” empregos. Vemos crianças brincando de adultos e sendo cobradas como adultos.

Seja por vontade própria ou por desejo dos familiares, não têm uma vida semelhante à vida de outros adolescentes. Todo o tempo disponível é voltado para o estudo, para a atualização, para a busca de mais informações.

Mas, afinal, para a população, o que significa ser médico? O que adolescentes ou os seus familiares pensam do médico, do trabalho médico? Que estes profissionais médicos ainda têm o pensamento da filantropia? Que o médico ainda é dotado de missão sacerdotal? Que deve abdicar da vida habitual em função do seu paciente? Que deve estar disposto a trabalhar em locais distantes e desprovidos de recursos? Que não deve reivindicar remuneração adequada?

O mínimo que se pode esperar é que o seu trabalho seja reconhecido, que não precise buscar de forma desenfreada longas jornadas de trabalho em plantões, postos de saúde ou ambulatórios para se manter, porque, agora são adultos e profissionais.

Os pacientes deslocam-se de um lugar para outro em busca de um atendimento decente. Não têm culpa da sua condição, da sua pobreza, de ficar horas esperando e então receber a notícia de que o médico foi embora e que não há substituto. A revolta cresce e quanto maior o grupo maior é o risco de se transformar em uma turba em busca de médico, remédio, explicações, dores e, não encontrando, é fácil depredar o prédio, quebrar os equipamentos.

Quando isto acontece a mídia noticia e com freqüência apresenta o médico como o vilão, reforçando a figura pública de que é o profissional melhor remunerado, que é responsável por aliviar as suas dores… e, então, torna-se o culpado de tudo.

Mas que salário é este, tão extraordinário para quem vivencia todo este problema? Será um salário de R$ 10.000,00, como uma gama de profissionais com menos tempo de estudo, com menos responsabilidade? Ou ainda seria um salário de R$ 20.000,00, como alguns profissionais com ensino superior e que tem uma ascensão, um plano de cargos e salários? No entanto, o salário chega a ser aviltante e de aproximadamente R$ 1.200,00 por 20 horas semanais. O atendimento a cada paciente vale menos que R$ 5,00. E o que se faz com R$ 5,00 reais? Engraxa-se um sapato?

Todas as profissões são dignas e importantes, mas remunerar o profissional que teve cerca de 20 anos de efetivo estudo é de uma crueldade só capaz de ser realizada pelo Estado e seus representantes, que não apresentam nenhum apreço ou consideração pelos cidadãos.

Este mesmo profissional, se for trabalhar e atender em algum dos ambulatórios públicos e conveniados com o SUS (susto), recebe a exorbitante quantia de R$ 5,00. Como é possível sobreviver, manter-se atualizado e qualificado recebendo estes valores? É “fácil”, basta trabalhar em duas, três, quatro cidades ao mesmo tempo, durante a noite que seria de descanso, “tirar” plantão por R$ 400,00, R$ 500,00 por noite e renunciar a praticamente todo horário de descanso ao final de uma semana.

Ser médico significa estar pronto a qualquer instante, manhã, tarde e noite. Dele exige-se disposição constante e principalmente: ELE NÃO PODE ERRAR. Mesmo em situações em que a natureza e a própria doença apontam para a finitude da vida, o médico é responsabilizado por mais meia hora, duas horas, um dia que esta pessoa continue vivo.

Enfim, quem é este médico? É aquele que antes de completar cinco anos de experiência profissional já foi denunciado por erro, negligência, descaso, responsabilizado por todas as desgraças criadas pelo Estado, que não admite sua culpa. Cabe, então, aos cidadãos o sofrimento, o erro, a culpa e a punição, punição esta que deveria ser dirigida ao Estado.

Quem é este médico? Quando for consultar pergunte o nome do profissional, há quantos anos está formado e seus vencimentos. Também veja como é o atendimento e então constatará que este profissional, antes de ser médico, é uma pessoa.


* É médico psiquiatra e vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Mato Grosso do Sul (CRM-MS).

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


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