Escrito por Wellington Penaforte*
Sem medo de decidir Uma retrospectiva histórica mostra que em Campo Grande nossas cooperativas médicas (Unimed e Unicred ) felizmente sempre tiveram e continuam tendo dirigentes honestos e bem intencionados.
No caso da Unimed, cuja administração é bem mais difícil que na Unicred, os dirigentes, especialmente os presidentes, administram «andando no fio da navalha» para manter o indissolúvel binômio cooperados – usuários. De um lado, os legítimos, contratados e amparados por lei direitos dos usuários e, de outro lado, os interesses dos cooperados que devem ter seu ato médico o mais valorizado possível, lembrando que é imperiosa a busca incessante do aumento do número de usuários.
No caso da Unicred, cuja administração é bem mais simples, posto que é muito «tutelada» pelo Banco Central, os dirigentes devem direcionar a energia e criatividade para o constante crescimento do número de cooperados e «eterna vigilância» para evitar inadimplências. Fora disso, é oferecer «produtos» interessantes e bom atendimento aos cooperados. A Unicred é um banco e, como tal, tem que crescer e dar lucros. O que nos diferencia dos bancos comerciais é a possibilidade da distribuição dos lucros aos cooperados, taxas mais acessíveis, capitalizações, etc…
Para ser um bom presidente não basta honestidade e boas intenções. É preciso, além de ter tempo disponível, muito mais qualidades, dentre outras destaco três: criatividade, austeridade e capacidade de decisão.
Ao contrário da criatividade e da austeridade, que podem ser enriquecidas com o acúmulo de informações, avaliações de experiências alheias bem sucedidas, experiência, equipe profissional competente, cursos decentes, etc… , a capacidade de decisão é fundamentalmente «berço», «genética», é coisa muito pessoal que curso de M.B.A. nenhum ensina. É capacidade «nata», tal qual ser «craque» de futebol. O cara já nasce craque, apenas pode e deve ser lapidado.
Por isso dizemos que quem decide pode errar, mas quem não decide, já errou!
Um presidente tem que ter a capacidade de decidir com prudência e coragem, pois não são condutas antagônicas. Disse alguém «a coragem sem prudência é bravata e a prudência sem coragem de tomar a decisão é covardia, omissão». Nem a bravata nem a omissão servem para o crescimento comercial e financeiro de nossas cooperativas.
O mundo está globalizado e não podemos perder nenhum tempo, não podemos aturar dirigentes acomodados, que «empurram com a barriga», protelam, esperando o tempo resolver. Não há mais espaço para burocratas ou para ocupação de cargos por vaidade pessoal.
A concorrência será inexoravelmente cada vez mais acirrada, os óbices, conflitos e impasses uma constante, porém justamente nessas horas é que se conhece o verdadeiro dirigente, que decidirá sempre rápida e oportunamente. Porém, não decide sozinho e não se julga o dono da verdade, tem a humildade de ouvir seus pares e a tolerância de aceitar contestações à sua vontade, sabe que o poder de decidir não é infalível, pode errar, pois toda decisão tem seu risco e perigo, é preciso enfrentá-los. Elegemos presidentes para isso e por isso.
Por tudo isso e muito mais é que cada um de nós tem grande responsabilidade quando vamos escolher nossos dirigentes nas eleições cooperativistas e demais entidades médicas. A medicina vem mudando, evoluindo e o perfil da classe médica também, mas o que não muda é a diferenciada capacidade de discernimento do médico, sua independência crítica, sua altivez. Nós, os médicos, somos imunes a cooptação eleitoreira, pressões para voto, oba oba eleitoral, festas e eventos de campanha. O que nos sensibiliza são os argumentos lógicos, colegas certos nos lugares certos.
Particularmente em Campo grande, em todas as eleições que ocorreram nos últimos 35 anos nas cooperativas e na AMMS/ CRMMS/ SINMED, perdeu feio quem ousou subestimar a inteligência dos médicos. Auguro que também nos próximos 35 anos ou mais vamos continuar sem medo de decidir pelas opções corretas premiando com nossos votos colegas criativos, austeros, idôneos, competentes, com capacidade de decisão, credibilidade profissional médica e desvinculados da política partidária.
«É TEMPO DE UNIÃO»
* É médico geriatra.
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