CRM Virtual

Conselho Federal de Medicina

Acesse agora

Escrito por Darcísio Perondi*

 

O Brasil vive uma verdadeira cruzada, abraçada pela imprensa e por vários segmentos da sociedade civil, que é a luta pela regulamentação da Emenda Constitucional 29. A crise da saúde é uma triste realidade em todo o País. Aprovada em 2000, essa Emenda estabeleceu que o orçamento da saúde da União deve ser sempre maior que o do ano anterior.

A correção deve ser feita de acordo com o PIB Nominal, ou seja, a inflação mais a variação do Produto Interno Bruto. O Projeto de Lei Complementar (PLP) 001/2003, que trata da regulamentação, além de estabelecer o que são ações específicas de saúde e evitar desvios de dinheiro do setor, ainda prevê mudanças na forma de correção do orçamento, substituindo o PIB Nominal por 10% das receitas correntes brutas. Com isso, o Orçamento da Saúde, que hoje é de R$ 45,9 bilhões, poderia chegar a R$ 65,4 bilhões em 2008. Além disso, o gasto per capita com saúde subiria de US$ 125 para algo em torno de US$ 250 e US$ 300.

O texto da regulamentação, elaborado pelo ex-deputado Roberto Gouvêia, do PT, já passou pelas Comissões Técnicas da Câmara, mas lamentavelmente ainda não foi incluído na pauta do Plenário. Há muito tempo a Frente Parlamentar da Saúde vem negociando com o Ministério do Planejamento, mas pouco se avançou. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, informou que uma proposta do Governo está sendo preparada. A área econômica do Governo quer manter a correção do orçamento da saúde pelo PIB Nominal e segundo o ministro Temporão, o setor deve receber um «plus» como compensação.

Já se fala em recursos adicionais de R$ 2 bilhões, além do PIB. Nós, da Frente Parlamentar da Saúde, não aceitamos nada menor que R$ 10 bilhões. A saúde não pode mais esperar. O presidente Lula ordenou uma solução e definiu o tema como prioridade de Governo. Em recente reunião no Palácio do Planalto, o ministro Walfrido dos Mares Guia, das Relações Institucionais, revelou que a regulamentação da EC 29 virou «menina dos olhos» do presidente Lula e que ele ficou encantado com o teor da matéria.

Lula entendeu que a definição do que são ações específicas de saúde vai impedir que os estados, principalmente, desviem dinheiro da saúde. A Saúde é mesmo prioridade? A União, no passado, levava «prioridade» mais ao pé da letra. Em 1995, as Receitas Correntes, ou seja, a arrecadação com impostos e contribuições, era de R$ 127 bilhões.

Em 2006, subiu para R$ 586 bilhões. Em termos de PIB, a arrecadação nesses 11 anos subiu de 19,7% para 28%. No entanto, as Receitas do Ministério da Saúde, que em 1995 representavam 9,6%, caíram drasticamente para 6,9% em 2006. O ex-ministro da Previdência, José Cechin, num estudo que apresentou sobre financiamento e gastos federais com seguridade social, nos deixou ainda mais frustrados. Segundo esse estudo, as despesas com seguridade aumentaram de R$ 266 bilhões em 2005 para R$ 304 bilhões em 2006, um crescimento de 14,3% em 12 meses. Entretando, no mesmo período, as despesas com saúde caíram de 1,9% para 1,7% do PIB.

A regulamentação da EC 29 é fundamental, porque a Lei em vigor deixou brechas para que os governos, nas três esferas de poder, desviem recursos da saúde. A União chegou a desviar recursos para programas como o «Fome Zero» e os Estados ainda usam o dinheiro para pagar aposentados, limpeza urbana, merenda escolar, saneamento e preservação ambiental. A regulamentação vai acabar com essas brechas e definir o que são ações específicas de saúde, como vacina, remédio, cirurgia, hospital, UTI, internação e programas como Saúde da Família e Agentes de Saúde. Dos 27 Estados, só sete cumprem a Lei e investem 12% do seu orçamento em saúde. Até 2005, a União deixou de aplicar na saúde R$ 1,6 bilhão e os Estados, R$ 11 bilhões.

Com pouco dinheiro e com os desvios de recursos, a saúde vai mal. A tabela de procedimentos está extremamente defasada. O SUS só paga R$ 55,00 de cada R$ 100,00 gastos pelos hospitais conveniados e santas casas. A diferença vem sendo coberta, nos últimos 13 anos, com empréstimos e dívidas.

O Governo está liberando, através de Medida Provisória, R$ 1,2 bilhão para conter o apagão da saúde. Mas esse dinheiro só estanca a hemorragia, não cura o paciente. Solução, só com a regulamentação da EC 29. A Frente Parlamentar da Saúde espera que o PLP 001/2003 seja mesmo prioridade de Governo e seja votado logo em Plenário. Afinal, a prorrogação da CPMF, que até então era a prioridade do Governo, já está bem encaminhada.

 

*Darcísio Perondi (PMDB/RS) é presidente da Frente Parlamentar da Saúde.

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


* Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.
Кракен даркнет namoro no brasil pinup mostbet apk winzada 777 tiger fortune Fortune Tiger Fortune Tiger Plinko Кракен зеркалокракен ссылка Os melhores cassinos online em melhoresportugalcasinos.com! Bonus exclusivos e avaliacoes e analises de especialistas sobre os novos e melhores cassinos online no Brasil e em Portugal!
Aviso de Privacidade
Nós usamos cookies para melhorar sua experiência de navegação no portal. Ao utilizar o Portal Médico, você concorda com a política de monitoramento de cookies. Para ter mais informações sobre como isso é feito, acesse Política de cookies. Se você concorda, clique em ACEITO.