
Campos de estágio: participantes debatem sobre qualidade e quantidade de ambientes de prática
Durante o XIII Fórum de Ensino Médico do Conselho Federal de Medicina (CFM), que teve como tema central “Campos de Estágio de Cursos de Medicina”, os participantes manifestaram preocupação com a quantidade e a qualidade dos ambientes de prática e também criticaram a abertura indiscriminada de escolas médicas no País.
O seminário, organizado pela Comissão de Ensino, coordenada pelo conselheiro Julio Braga, contou com a participação de representantes do Ministério da Educação (MEC), de secretarias estaduais e municipais de saúde, de entidades médicas, de saúde e de ensino.
Para Braga, “está claro para todos que, sem infraestrutura, corpo docente qualificado e campos de estágio, o universitário dificilmente conseguirá obter uma boa formação”. Segundo ele, a falta de estágios adequados faz com que o aluno comece a trabalhar como médico sem ter desenvolvido as habilidades necessárias para a segurança do paciente.

Prática: nas unidades, alunos entram em contato com o atendimento
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), Sandro Schreiber, ressaltou que “o médico deve estar no centro do espaço, mas a presença e a inter-relação com outros profissionais de saúde é, também, essencial. Aprendemos a trabalhar em equipe com trabalho em equipe, não em livros”.
José Geraldo Lopes, ex-presidente da Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino (Abrahue), defendeu que os hospitais certificados de ensino devem oferecer pelo menos 80 leitos operacionais, no caso de hospitais gerais, e 50 leitos, para hospitais especializados ou maternidade. “Além do volume de atendimento de pacientes, os hospitais de ensino têm que ter, obrigatoriamente, uma estrutura organizada, com comissões de ética médica, ética em pesquisa, prontuário, óbito, entre outras”, afirmou.
Na mesma linha, a secretária-executiva da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Viviane Peterle, falou sobre a importância de uma boa formação na graduação, alertando que a Residência Médica não deve se tornar o local de correção de falhas na formação, o que vem acontecendo, de acordo com ela. Peterle entende também que são necessárias mais vagas com garantia de supervisão qualificada e com melhoria nas bolsas, o que estimularia os recém-graduados.
A secretária de regulação e supervisão da educação superior do MEC, Helena Sampaio Andery, discorreu sobre a criação de novas escolas médicas no país, inclusive no período da moratória sob liminares judiciais, destacando as regras em vigor pelo Mais Médicos.
Novas escolas – Coordenador do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas (Saeme-CFM), Donizetti Giamberardino, avalia que o futuro da medicina está sendo colocado em risco com a abertura indiscriminada de escolas médicas e entende que a confiança da sociedade está diretamente ligada à formação humana e técnica dos futuros médicos. Reforçando o entendimento, o professor Milton de Arruda, coordenador-executivo do Saeme, destacou a importância de mecanismos para avaliar o funcionamento dos cursos de medicina, incluindo campos de estágio, lembrando que o sistema de acreditação do CFM recebeu em 2019 o reconhecimento pela World Federation for Medical Education (WFME) e é o único do Brasil com padrão de qualidade reconhecido internacionalmente.