Escrito por Paulo Cesar Geraldes*

Mais uma vez, em recente abordagem da mídia, somos obrigados a ouvir a defesa da desassistência psiquiátrica. Os argumentos estão velhos, encanecidos, mas insistentes. Quase sempre os motes são os seguintes:

– A loucura nada mais é do que uma forma diversa de sentir a realidade;

– A loucura não é uma doença mas muitas vezes uma forma de se libertar da opressão da sociedade;

– A loucura é criativa e o louco um artista em potencial;

– A loucura não existe é uma criação dos psiquiatras;

– A loucura é produzida pela família para se livrar de seus membros inconvenientes e indesejados;

– Por não ser doença, apenas uma forma diferente de entender o real, a loucura não deve se enquadrar no modelo médico de diagnóstico, prognóstico e tratamento, e;

– O louco não precisa de hospital para se tratar, não deve ser internado em nenhuma hipótese.

É claro que todos estes argumentos são apresentados com cenas, ao fundo, degradantes, similares a campos de concentração ou então com os loucos e seus terapeutas com violões e percussão fazendo um som legal.

É pena que isto não seja verdade e que o real esteja bem distante da mentira antimanicomial.

A loucura é a maior das tragédias de que um ser humano pode ser vítima. O delírio é um sofrimento permanente. Alguém persegue o psicótico e ele não sabe quem é, nem o motivo, e muito menos porque ele é o alvo da perseguição. Sons distorcidos e sem sentido, repentinamente transformam-se em gritos, pancadas, assobios e então se consubstanciam em vozes. Vozes que o chamam, a seguir o ofendem com palavrões e por fim dão ordens. mandam que ele agrida, que bata com a cabeça na parede, que grite, que cante, que obedeça a comandos, por mais absurdos que sejam.

A família perplexa, que depositava naquele rapaz ou moça as esperanças de um crescimento sadio, com o futuro pela frente, tudo a se realizar e ser conquistado, percebe que nada disto vai acontecer. O futuro foi barrado pela loucura. Não mais estudos, não mais trabalho, não mais profissão, não mais esperanças. As perspectivas do mundo melhor acabam-se com a instalação do processo psicótico.

Acabou-se a vida do psicótico? Não é claro que não, mas acabou-se a qualidade de vida, a possibilidade de usufruir do mundo todas as suas nuances, a capacidade de expandir ao máximo suas potencialidades como indivíduo e como ser pensante e criativo. Não raro acaba-se também a capacidade civil, a capacidade de testar, a capacidade de gerir. O que se encerrou, infelizmente foi a capacidade de se autodeterminar, de ser livre, de expressar de modo completo e cabal a sua vontade e de guiar os seus fatos conforme os seus desejos.

Dr. Paul Gachet, psiquiatra de Van Gogh afirmava: “Eu sei que Vincent (Van Gogh) está melhor quando ele me pede as tintas. Só então, fora da crise, ele é capaz de criar.” Esta é a realidade nua e crua, a loucura é impeditiva da plena capacidade de criação e da expressão artística.

A loucura é uma tragédia. Aqueles que a elogiam e engrandecem ou são ingênuos, ou são insensíveis ou estúpidos ou então dela querem se aproveitar de algum modo, caso do chamado movimento antomanicomial. Não sabem do que falam. E, se a Arte dependesse da Loucura para existir, Morte à Arte. Viva a Sanidade Mental!!!!!!

* É presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj).

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


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