Escrito por Luiz Osvando*

Não se muda o estado sócio-econômico de uma comunidade por decreto. Mato Grosso do Sul está prestes a sofrer uma tragédia social. Aproveitando a mudança de horário do Acre e parte do Amazonas, a decisão judicial, de que os programas de televisão têm que ser exibidos de acordo com sua limitação etária e horária, a TV Morena, afiliada da TV Globo, apoiada por alguns políticos, dentre eles o prefeito de Campo Grande, desencadeou campanha tendenciosa de alinhamento do horário de MS com Brasília. Ao mesmo tempo há um projeto de lei do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) para efetivação da mudança do horário. Esquecem-se de que não se muda o ciclo luminosidade-escuridão por decreto e desprezam com isso o bem estar do cidadão de Mato Grosso do Sul.

O cidadão comum, preocupado com a sua subsistência e não sabendo o fundamento do fuso horário e o que isso significa, é envolvido por participação tendenciosa de celebridades e abordado de forma carinhosa para assinar “abaixo-assinado” pedindo para que o horário seja mudado. O argumento é que MS vai ficar melhor e mais rico e que as transações bancárias vão facilitar a vida do povo. A população, que agora está assistindo a novela mais tarde por ordem judicial, acredita no argumento travestido, mas que verdadeiramente esconde o interesse econômico onde deslizam, lamentavelmente, os nossos representantes, sem se importarem com os prejuízos biológicos que sofrerá o povo.

A imprensa, representada pela TV local, traiu seu princípio fundamental de defender o homem da ação avassaladora do capital. É preciso que alguém se levante e dê oportunidade para se descortinar a realidade e os motivos reais da tentativa de mudança do fuso horário e suas conseqüências biológicas, o que até agora não foi falado pelo movimento.

O ciclo claridade-escuridão não existe por acaso. Todos os seres vivos sofrem sua influência. Ao anoitecer, o cérebro se prepara para adormecer, pela redução da luminosidade, e através das fases do sono refaz as suas fontes energéticas em termos de neurotransmissores, para funcionamento eficiente no dia seguinte. Para que esse fenômeno seja completo, a grande maioria das pessoas necessita de oito horas de sono e os jovens e crianças, de 10. O despertar é acionado pela claridade dos raios solares, que, mesmo com as pálpebras fechadas, estimulam a retina, que aciona o núcleo supra-quiasmático no hipotálamo e, à semelhança de um gerador, desperta o organismo como um todo. Com o alinhamento do horário com Brasília, uma hora a mais, o nascimento do sol, que agora é às 6h, será às 7h, quando já deveremos estar trabalhando e as crianças, nas escolas. Isso quer dizer que pelo fuso solar deveremos acordar às 5h, ainda escuro e com o princípio da plenitude agredido. Teremos déficit diário de uma hora de sono. Isso tudo sem falar no desastroso horário de verão, que adiantará mais uma hora após 15 de outubro. Toda escassez leva a estresse que, por sua vez, gera ansiedade, irritabilidade, hipertensão arterial, aumento do colesterol e triglicérides, tendência a diabetes, obesidade, comprometimento da atenção e, conseqüente, acidente doméstico e de trânsito, além da violência doméstica e social, fatos já comprovados em outros países durante o chamado horário de verão, como no Canadá. É bom lembrar que a falta matinal do sono se reverterá em exposição vespertina excessiva aos raios solares, com aumento da tendência ao câncer de pele. Isso sem falar no desempenho escolar das nossas crianças, que já anda combalido.

A pergunta que tem que ser colocada é: Quem paga a conta de tamanha tragédia? O capital ou a população? Com certeza a população, que vai continuar cada vez mais dependente de um sistema de saúde falido, com baixa resolutividade e hospitais sucateados, como aqui acontece.

Portanto, é necessário esclarecer a população sobre os prós e contras e não agir com meias verdades como estão fazendo, sem dar oportunidade transparente à colocação dos fatos e reais intenções.

Nós médicos sabemos o prejuízo biológico e social que essa mudança pode causar. Você não pode se manter indiferente a essa ameaça. Discuta, informe e instrua os seus pacientes. Aja conscientemente e de forma cidadã. Chega de imposições decorrentes de interesses puramente econômicos.

* É clínico e cardiologista.

* As opiniões, comentários e abordagens incluidas nos artigos publicados nesta seção são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessariamente, o entendimento do Conselho Federal de Medicina (CFM).


 * Os textos para esta seção devem ser enviados para o e-mail imprensa@portalmedico.org.br, acompanhados de uma foto em pose formal, breve currículo do autor com seus dados de contato. Os artigos devem conter de 3000 a 5000 caracteres com espaço e título com, no máximo, 60.


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