Escrito por Rogério Videira*

Recentemente acompanhamos a tragédia que vitimou centenas de passageiros em um acidente aéreo no País. Como todo acidente grave em um sistema organizacional extremamente complexo, diversas falhas se encadearam para propiciar as condições que culminaram no choque entre as aeronaves. O risco desse tipo de acidente ocorrer novamente é extremamente pequeno, mas temos o dever de exigir melhorias no sistema, não só em respeito a mais de uma centena de vidas que se extinguiram, mas simultaneamente em virtude das milhões de vidas que dependem desse sistema de transporte para efetuar as suas obrigações ou alcançar os seus sonhos e projetos.

Concretamente, nesse triste episódio, os controladores de vôo podem ser responsabilizados por uma informação errada transmitida a uma das aeronaves. A perspectiva dessa responsabilização fez com que os controladores de vôo passassem a adotar regras internacionais que há muito não estavam sendo cumpridas. A redução no número máximo de vôos acompanhados por um único controlador aparentemente foi a causa principal do grande transtorno observado nos aeroportos brasileiros. Houve inúmeros atrasos e cancelamentos de vôos, acompanhados da inevitável indignação das pessoas que foram diretamente prejudicadas. E essas pessoas são as mesmas que, poucos dias antes, estavam contentes em poder viajar, de uma forma rápida e efi ciente, sem nem saber da importância do trabalho de um controlador de vôo.

O que isso tem a ver com a anestesiologia? Há poucas semanas escutei de um colega uma frase que sintetiza o dilema que vivemos no Brasil, também no sistema de saúde: “Nos é exigido um desempenho de primeiro mundo, mas freqüentemente nos fornecem condições de trabalho de terceiro ou quarto mundo”. No caso da aviação, foi necessária uma grande tragédia para que as condições de trabalho inadequadas dos controladores de vôo chegassem ao conhecimento da população. E na anestesiologia, quantas tragédias individuais serão necessárias para produzir a indignação dos passageiros, digo, dos pacientes, com as condições deficientes de remuneração e estrutura para o exercício do trabalho médico no País?

* É primeiro secretário da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (Saesp).

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